Insatisfação

PBH vai contratar auditoria para avaliar contrato com empresas de ônibus

Licitação prestação do serviço no transporte público na capital será revisada caso seja constatada alguma irregularidade, diz prefeito

Por Pedro Nascimento e Manuel Marçal
Publicado em 17 de maio de 2022 | 12:47
 
 
 
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No período em que as empresas de ônibus de Belo Horizonte estiverem recebendo mensalmente o subsídio de R$ 237,5 milhões pago pela prefeitura e pela Câmara Municipal, conforme anunciado nesta terça-feira (17), uma auditoria independente, contratada pelo poder público, vai analisar todos os pontos da licitação assinada em 2008 para prestação do serviço. A ideia é que ao fim da análise seja apresentada uma proposta de repactuação do contrato, assim como uma proposta para reformulação do valor da tarifa.

A prefeitura ainda não tem previsão de qual empresa fará a auditoria e nem quando ela será contratada. No entanto, já há uma expectativa de que o resultado do estudo seja divulgado em até um ano.

Conforme o prefeito Fuad Noman (PSD), a ideia é buscar um equilíbrio entre as diversas reclamações a respeito do contrato.

"A primeira coisa que precisamos fazer é o reequilíbrio desse contrato, fazer uma avaliação e uma modernização desse contrato, entender o que eles (SetraBH) reclamam que nós não pagamos, entender o que nós reclamamos que eles não fizeram. Para isso, nós estamos planejando contratar uma consultoria externa, de preferência de reconhecimento nacional e até internacional, para não ficar dúvida sobre nada, e o grupo acompanhar esse trabalho e nós chegarmos num denominador comum", explicou Fuad.

A partir do que for encontrado nessa auditoria, a prefeitura planeja repactuar o contrato com participação das empresas de ônibus ou até formular uma nova proposta para prestação do serviço.

“Sentaremos com as concessionárias e vamos mostrar o resultado e fazer o acerto que deve ser feito. E vamos discutir o que deverá ser feito daqui para frente. Esse contrato de 2008 é um contrato que foi feito num tempo muito antigo. 12 anos faz muita diferença em termos de tecnologia. O que nós queremos é resolver esse contrato e criar uma condição de um novo modelo no nível do século XXI”, diz Fuad, que completa. “Quem vai dar a palavra final é a auditoria independente”.

Outra tentativa

Essa não é a primeira vez que a prefeitura de Belo Horizonte passa uma lupa sob o contrato de prestação de serviço do transporte público, firmado em 2008.

No ano de 2018, a pedido da prefeitura, uma auditoria externa avaliou a prestação de contas das empresas de ônibus e o contrato para reajuste na tarifa. A conclusão, na época, era de que a passagem de ônibus deveria aumentar para R$ 6,35. O estudo foi alvo de uma CPI na Câmara Municipal que constatou irregularidades na auditoria.

"Prefeito lava as mãos", avalia especialista

Membro do movimento Tarifa Zero, o pesquisador em mobilidade André Veloso avalia que a auditoria que o prefeito planeja contratar está longe de ser a solução ideial para o problema.

"É muito fácil para o prefeito lavar as mãos de deixar com uma empresa privada a revisão desse contrato, sendo que ele mesmo não ativa e não põe em funcionamento para que se debata a mobiliade urbana o conselho de mobilidade urbana, que tem todos os seus membros eleitos e há seis meses eles aguardam que seja dada a posse", diz Veloso, que cobra participação popular no debate.

Na avaliação do especialista, o principal aspecto negativo do contrato das empresas de ônibus é o modelo de remuneração, que prevê que o sistema seja bancado integralmente pelo usuário. "Isso é um incentivo para o que os empresários façam o que já está acontecendo, que é colocar o maior número de pessoas no menor número de véiculos possíveis", aponta Veloso, que sugere. "Nós precisamos que exista controle da arrecadação tarifaria e que a remuneração seja por serviço prestado e não por passageiro pagante e que existe um controle do sistema de bilhetagem eletrônica", completa.   

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