Dois homens e uma mulher suspeitos de participação em um plano para roubar carga de um trem foram presoss na madrugada desta segunda-feira (24) na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Três adultos, entre eles um homem que faz parte do quadro da reserva do Exército, foram detidos. Uma criança de 11 anos foi apreendida. Cerca de outras 20 pessoas que participavam da ação conseguiram fugir.

O plano foi descoberto quando a empresa que faz a segurança do local, na rua José Pinto do Nascimento, no bairro das Indústrias, percebeu que havia pedras colocadas na linha férrea e cobertas com um lençol. Segundo a Polícia Militar (PM), o objetivo do grupo era fazer com que o maquinista do trem pensasse que havia uma pessoa na linha e parasse a composição, momento em que o grupo saquearia a carga.

Os militares foram acionados e armaram uma campana, ficando escondidos na mata e esperando a ação dos bandidos. 

Quando o trem se aproximou, já havia entre 20 e 30 pessoas em cima da composição, e um homem estava com uma arma de cano longo. Eles descarregaram o minério, do tipo ferro-gusa, mas um dos integrantes da quadrilha percebeu a presença da PM e gritou.

Houve troca de tiros entre os militares e o suspeito armado. Vários suspeitos conseguiram fugir e ninguém se feriu.

A PM conseguiu prender dois homens, um de 43 e outro de 25 anos, e uma mulher, de 46. O menino de 11 anos que foi apreendido contou aos policiais que participava desse tipo de ação pela segunda vez. Na primeira ocasião, recebeu R$ 10 para ajudar a descarregar o ferro. Dessa vez, receberia R$ 15. A criança foi liberada depois da chegada da mãe. 

Parte da carga descarregada, cerca de duas toneladas, foi recuperada. A outra parte ficou no local sendo escoltada pela empresa de segurança.

Quadrilha já agiu várias vezes

Em 2018, a empresa de segurança registrou cinco boletins de ocorrência sobre casos semelhantes. Em 2019, já havia outros dois registros.

Minério de ferro "mais puro"

De acordo com polícia, há cerca três anos os criminosos agiam na região. "Eles pegam o ferro que a gente chama de ferro gusa, de aproximadamente 5 kg, que é vendido por R$ 10 cada unidade. A gente fala que é a nata do minério, o mais puro, bastante comercializado.  Esse produto costuma ser vendido para ferro-velho, onde o material é derretido", explicou o soldado Diego Nazareth, do 41 Batalhão de Polícia Militar.

Segundo o policial, a quadrilha deu um prejuízo de aproximadamente R$ 5 milhões à empresa proprietária do ferro. "É o trabalho de contrainteligência, nós ficamos muito felizes quando isso acontece, que a gente prevê a ação antes e conseguimos planejar antes o que vai acontecer. Esperamos que isso aconteça mais vezes", explicou o policial. 

"Sou inválido e não consigo carregar peso", diz homem que é da reserva do Exército

Entre os presos está um homem de 43 anos, que faz parte do quadro da reserva do Exército e negou participação no crime. 

"Houve um equívoco por parte dos policiais. Não mexo com furto de nada. Estava trafegando na linha férrea e me confundiram. Tenho problema de coluna, sou inválido e não consigo carregar peso", afirmou.

Uma equipe da corregedoria do Exército está na Delegacia de Plantão 3 (Deplan), mas afirmou que o órgão só vai se manifestar através da assessoria de imprensa.

Procurada pela reportagem, a assessoria informou que o cabo reformado foi conduzido para uma unidade do Exército, onde permanecerá à disposição da justiça.

Atualizada às 15h53