Aquém

Postos de BH têm baixo movimento após greve de caminhoneiros

Também há variação de preços em relação ao início da paralisação. Os tanqueiros pedem redução de 15% para 12% da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 28 de fevereiro de 2021 | 13:40
 
 
 
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Após as filas de carros quilométricas que encheram os postos de combustível de Belo Horizonte na quinta (25) e sexta-feira (27), devido à greve dos caminhoneiros, os estabelecimentos devem voltar ao abastecimento normal ao longo deste domingo (28), segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro). Na sexta, motoristas correram para encher o tanque, e agora, neste domingo, o movimento foi abaixo do habitual em alguns postos.

Também há variação de preços em relação ao período anterior à greve. O Minaspetro não estima a mudança média dos valores de combustíveis, mas, em alguns postos, conforme apurou a reportagem, houve aumentos desde a paralisação, enquanto outros registram diminuição. Em um posto na avenida Portugal, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, a gasolina passou dos R$ 5,28 para os R$ 5,38. "O preço está caro na refinaria e o patrão mandou aumentar. A sexta-feira foi o dia com maior movimento neste ano no posto e hoje ele ficou vazio, porque muita gente encheu o tanque na sexta", disse um frentista que trabalha no estabelecimento e que pediu para não ser identificado.

A contadora Regina Araújo, 39, abastecia no local na manhã deste domingo, depois de ter passado o sábado em casa com pouca gasolina para não ter que encarar as filas do final da última semana. "Hoje, coloquei só um pouco de combustível, com esse preço alto. Eu iria na casa de um amigo ontem, mas não fui, porque estava sem gasolina", disse. Apesar do transtorno, ela disse apoiar o movimento dos tanqueiros. "A greve devia ter continuado. O problema é que ela começa e o povo, em vez de ajudar, sai de casa nessa loucura para abastecer", completou.

Em outro posto da avenida, onde os combustíveis haviam acabado na tarde de sexta, a situação também estava normalizada e os preços não tiveram alteração. Por outro lado, em um posto na Via Expressa, entre BH e Contagem, o combustível está mais barato do que antes da paralisação. "A gasolina estava R$ 5,29, foi para R$ 5,49 e agora está R$ 5,19. O álcool era R$ 3,49, chegou a R$ 3,99 na greve e agora está R$ 3,75", detalhou um frentista.

Em um estabelecimento da avenida Dom Pedro II, no bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste, o gerente contou que, já no final da noite de sexta, pouco depois de o Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) anunciar o fim da greve, um caminhão reabasteceu o posto.

"Acho estranho as pessoas terem corrido para abastecer na sexta, com a gasolina nesse preço. Se boicotassem, mexiam na lei da oferta e da procura e não acabavam com o estoque dos postos", avaliou o arquiteto Fabiano Nogueira, 43, enquanto abastecia no local, neste domingo.

O engenheiro Guilherme Arlim, 31, disse ver pouca margem de manobra para o governo de Minas negociar com os grevistas. "A pandemia é uma época estranha para fazer greve, porque é difícil o governo ceder, sendo que precisa de recursos para a saúde", ponderou.

Os tanqueiros pedem redução de 15% para 12% da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas, até então, o governo estadual tem dito não ser possível conceder a diminuição. No começo desta semana, deve haver uma reunião de negociação entre representantes do governo e do movimento grevista.

Procurado pela reportagem, o governo de Minas não respondeu quando se reunirá com os manifestantes e voltou a afirmar que as últimas mudanças no valor dos combustíveis não foi causada pelo ICMS, e sim pela política de preços praticada pela Petrobras.

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