Alternativa

Prefeitura começará a retirar camelôs no próximo sábado

Haverá sorteio para ocupação de vagas com aluguel subsidiado nos shoppings populares

Por Mariana Nogueira
Publicado em 29 de junho de 2017 | 03:00
 
 
 
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Três meses após anunciar que teria tolerância zero com os camelôs da capital, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) vai começar no próximo sábado a fiscalização para coibir a presença dos ambulantes nas ruas do hipercentro. A informação foi confirmada nessa quarta-feira (28) pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS). A intensificação da fiscalização tem sido estudada há mais de quatro meses pelo Executivo, de acordo com Kalil. Segundo ele, a orientação é que os fiscais ajam com firmeza, mas evitando violência.

“Nós abordamos carinhosamente todo mundo. Agora, não podemos ficar à mercê de contravenção, de coisa errada”, afirmou. Quem for encontrado vendendo produtos irregularmente em espaço público terá a mercadoria apreendida e pagará multa máxima de cerca de R$ 2.000.

Na última terça-feira, o Executivo municipal apresentou um plano de ações que prevê oportunidades de qualificação profissional aos camelôs, além de facilitação na inserção deles em shoppings populares. Com postos de atendimento instalados em quatro pontos do Parque Municipal, no centro da capital, a PBH realizou nos últimos dois dias atendimentos aos ambulantes ilegais.

Dos 1.137 cadastrados anteriormente pela Secretaria de Serviços Urbanos, cerca de 600 compareceram ao local e preencheram um cadastro. Eles apontaram qual ou quais alternativas apresentadas pelo Executivo pretendem adotar. Entre as possibilidades está a inserção dos ambulantes em shoppings populares. Os ambulantes terão uma ajuda da prefeitura para se instalarem nos shoppings, onde poderão participar de cursos. A taxa mensal paga por eles será de cerca de R$ 30. Os espaços serão ofertados por quatro meses e distribuídos por sorteio.

Também fazem parte do plano de ações da PBH cursos de qualificação que abordarão temas como orientação para emprego formal com carteira assinada, empreendedorismo e cooperativismo. Também serão publicados editais para participação em feiras da capital.

Um edital para o credenciamento dos shoppings populares foi publicado no último sábado no “Diário Oficial do Município” (“DOM”). O resultado será conhecido até o dia 8. “Assim que os shoppings se credenciarem, teremos uma noção das vagas que serão ofertadas. A partir daí, faremos um balanço e sortearemos os cadastrados”, explicou a secretária municipal de Serviços Urbanos, Maria Fernandes Caldas. De acordo com ela, os ambulantes só devem ir para os shoppings a partir do dia 15 de julho.

Fora das ruas. Entre o início da fiscalização, no dia 1º, e a instalação dos camelôs nos shoppings populares, no dia 15, os ambulantes não poderão vender produtos nas ruas do hipercentro.


O plano de ações

Qualificação. Serão ofertadas 669 vagas, e as aulas devem começar em setembro. As áreas de qualificação serão serviços, administração e contábil, artesanato, beleza, confecção, culinária, informática e línguas.

Feiras regionais. Participar das feiras tem custo de R$ 60 a R$ 90 por mês, e elas acontecem em todas as regiões da cidade.

Feiras livres. Será publicado edital disponibilizando 160 vagas. As feiras acontecem uma vez por semana em shoppings. Barracas de frutas serão contempladas.


Nos shoppings, concorrência será com os chineses

Um levantamento extraoficial realizado pela reportagem de O TEMPO mostra que mais de 60% dos lojistas que possuem boxes em shoppings populares são estrangeiros, principalmente chineses. Para parte dos ambulantes, instalar-se nesses shoppings vai significar enfrentar uma concorrência desleal.
“Como eu, que compro minha mercadoria em São Paulo, vou concorrer com o cara que compra na China ou no Paraguai? Eles conseguem baratear muito mais”, afirma o vendedor de acessórios para celular na praça Sete Antônio Lima Garcia, 58. Para ele, o rendimento dos camelôs vai cair com a mudança.

Já a vendedora de frutas Luiza Oliveira, 25, não consegue imaginar-se trabalhando dentro de um shopping. Há cinco anos armando barraca no centro da capital, ela afirmou que na próxima segunda-feira começará a trabalhar em outras regiões da cidade. “Minha mercadoria é típica da rua. Para não parar de vender, vou para outro lugar. Simples”, afirmou ela.

De acordo com a Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura de Belo Horizonte, dos 1.137 ambulantes cadastrados no levantamento realizado pelo órgão, 37% vendem alimentos e bebidas industrializados, 12% comercializam acessórios em geral e produtos eletrônicos, 9% vendem calçados, e outros 42% oferecem brinquedos, roupas, picolés, frutas e cigarros.

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