Lagoa

Processo de retirada de capivaras da Pampulha deve levar 40 dias

Expectativa é do vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros; intenção é contratar empresa, em fevereiro, para fazer o manejo sem licitação; UFMG oferece abrigo para os mamíferos

Por Fernanda Viegas
Publicado em 24 de janeiro de 2014 | 20:00
 
 
 
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A retirada das cerca de 250 capivaras da orla da lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, deve começar no próximo mês e levar, no máximo, 40 dias para ser finalizada, e não os 180 dias previstos inicialmente, segundo o vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros. Para encurtar o prazo, a prefeitura pretende contratar uma empresa especializada sem licitação. A proposta ainda precisa ser apreciada pela Procuradoria-Geral do Município (PGM).

A resolução mais rápida da situação, muito debatida no ano passado, foi definida nessa semana, em reuniões entre órgãos envolvidos, como a PGM, a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte e a Secretaria Municipal de Saúde. Segundo Malheiros, há a possibilidade de os animais transmitirem doenças como a febre maculosa, a partir do carrapato-estrela, da qual são hospedeiros. Outras preocupações que contribuíram para que a retirada das capivaras fosse adiantada são, por exemplo, a chance de os animais serem atropelados, além de interrupções de pousos e decolagens no Aeroporto da Pampulha, o que já aconteceu, e o fato de elas se alimentarem das plantas dos jardins de Burle Marx.

“Vamos fazer o chamamento de empresas especializadas com o acompanhamento do Ministério Público de Minas Gerais e do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais”, explicou o vice-prefeito. A vencedora do processo deverá capturar as capivaras, investigar a saúde delas e, as que forem saudáveis, serão levadas para um habitat natural, seguindo o plano de manejo feito pela prefeitura e ainda em aprovação pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O valor mínimo que deve ser investido pela empresa selecionada ainda não foi definido pela prefeitura, já que ainda não se sabe o número exato de animais a serem retirados.

UFMG quer cuidar dos animais

No fim do ano passado, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou interesse em oferecer abrigo e cuidar dos mamíferos e enviou uma carta de intenção para a prefeitura. “Seria um convênio entre a prefeitura e UFMG. A universidade cederia o espaço e cuidaria deles, e a prefeitura arcaria com as despesas da remoção, dos funcionários e da alimentação dos animais“, esclareceu o professor da disciplina produção e nutrição de animais silvestres da Escola de Veterinária, Leonardo Bôscoli Lara. Tanques seriam criados para as capivaras na fazenda modelo da universidade em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A prefeitura ainda não respondeu oficialmente a oferta da UFMG, mas já houve conversas entre os órgãos. Além dessa, as outras propostas recebidas serão analisadas pelo ponto de vista econômico, com orientação do Ibama.

Malheiros destaca que um edital precisará ser lançado para que uma empresa fique responsável pela manutenção do remanejamento, para caso voltem a aparecer capivaras na capital. O professor Leonardo Lara confirma que novos manejos serão necessários devido à falta de predadores naturais das capivaras, como onças e cobras grandes.

Sem resistência
De acordo com Malheiros, os grupos que atuam em defesa dos animais não têm apresentado qualquer resistência quanto à decisão de retirar as capivaras da lagoa da Pampulha, concordando que os animais também estão em perigo na capital. “A gente defende que as capivaras sejam destinadas para uma reserva ambiental, onde vivam livres e de modo coerente com as necessidades delas”, afirmou uma das integrante do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais, Adriana Cristina Araújo.

Procriação
As capivaras fêmeas podem ter até dois partos por ano. Em cada um deles, podem gerar oito filhotes, podendo chegar a 18 em um ano. Caso a parceria entre a UFMG e a prefeitura seja concretizada, a universidade pretende controlar a grande reprodução, utilizando técnicas contraceptivas como a vasectomia.

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