Quatro suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em arrombamentos de casas lotéricas foram presos em flagrante por policiais civis da Delegacia de Crimes contra o Patrimônio, em Belo Horizonte.

O flagrante foi feito quando eles tentavam entrar em mais uma loja, no bairro Milionários, na região do Barreiro. A prisão de dois homens de 21 anos, outro de 22 e uma mulher de 21 foi na quinta-feira (5).

No dia anterior, os policiais haviam cumprindo mandado de busca e de apreensão na casa de um homem, de 50, conhecido como Coroa, na cidade de Itaúna, na região Central do Estado. Coroa seria o líder da quadrilha.

Na casa dele, os policiais apreenderam ferramentas, uniformes de segurança, R$ 900 e um adesivo para carros de uma empresa falsa de serviços jornalísticos, usados na prática dos crimes. 

Coroa chegou a ser levado para uma delegacia para ser ouvido. Mas, como não houve flagrante, e não havia mandado de prisão contra ele, o mesmo foi liberado.

Mesmo sabendo que a polícia estava no encalço da quadrilha, da qual faz parte, segundo a polícia, o filho de Coroa, de 21 anos, e mais dois homens e uma mulher tentaram arrombar a lotérica no dia seguinte, no bairro Milionários, mas acabaram presos.

Com eles, foram apreendidos alavancas, alicates para cortar cadeados, pés-de-cabra, furadeiras, lanternas e outros materiais usados para furar paredes e arrombar cofres. Um cofre de cerca de 300kg foi apreendido na casa de um deles.

A Polícia Civil está agora à procura de mais quatro integrantes da quadrilha, entre eles Coroa, apontado como líder do bando, e que já tem mandado de prisão expedido pela Justiça.

O grupo, segundo no delegado Gustavo Barletta, é suspeito de arrombar cerca de 20 casas lotéricas desde novembro do ano passado, sendo que cinco crimes já foram confirmados como sendo deles.

Coroa e o filho dele vinham agindo há mais tempo, segundo o delegado. Inclusive, o filho responde por uma tentativa de homicídio contra o próprio pai. Eles teriam se desentendido por causa da partilha de produtos de furto, entraram em luta corporal e a arma do filho teria disparado, acertando o pai.

Procurados

Coroa, mais um homem e outras duas mulheres estão com mandados de prisão expedidos pela Justiça.

A Polícia Civil começou a investigar a quadrilha em novembro do ano passado, depois do arrombamento de uma casa lotérica no bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste da capital, de onde levaram R$ 50 mil.

Coroa já tem diversas passagens pela polícia por furto, roubo, estelionato e estupro de vulnerável.  O filho dele também responde por furtos e roubos.

Namorados de fachada

Segundo o delegado Barletta, as mulheres tinham a função de vigiar a rua enquanto os comparsas estavam no interior das lotéricas.

Normalmente, elas estavam acompanhadas de homens fingindo ser namorados. A mulher que foi presa quinta-feira disse que ganharia R$ 500 pelo serviço.

De vez em quando, os casais trocavam de roupa para não chamar a atenção da polícia durante as rondas.

Quem também agia dentro das lotéricas, abrindo paredes, também trocava de roupa depois. Eles colocam roupas limpas para não chamar a atenção quando deixassem o local do crime.

Na quinta-feira, após as prisões no bairro Milionários, os policiais foram à casa de um dos suspeitos em Nova Serrana, no Centro-Oeste de Minas, onde encontraram um cofre de 300kg com a porta solta.

O preso alegou que havia comprado o cofre para treinar a abertura do mesmo, mas a polícia acredita que o objeto foi levado de alguma lotérica arrombada anteriormente. 

A quadrilha, segundo o delegado, é de Itaúna e agia na capital. Os integrantes davam preferência por lotéricas ao lado de imóveis fechados ou anunciados para aluguel.

Em alguns casos, segundo o delegado, eles manifestavam interesse no imóvel vizinho à lotérica como possíveis locatários e faziam copias das chaves sem o conhecimento das imobiliárias.

"Se fosse um imóvel vazio, eles entravam e ficavam lá até anoitecer", disse o delegado.

O grupo furtava em média R$ 50 mil de cada lotérica. De uma, eles levaram R$ 80 mil.

Os presos vão responder por organização criminosa e furto qualificado. A polícia investiga ainda crime de lavagem de dinheiro, com compra e venda de imóveis.