Longe de casa há três meses, desde que foi obrigada a deixar a comunidade de Socorro, na zona rural de Barão de Cocais por causa do risco de rompimento da barragem Sul Superior, da Vale, a dona de casa Patrícia Perdigão, 31, terminou esta sexta (31) com os olhos inchados.
"Chorei o dia todo pensando em tudo o que está acontecendo. Estou confinada em um apartamento (pago pela Vale), não tenho mais meus vizinhos para conversar. Sair de casa assim é largar tudo que nós construímos numa vida inteira é a pior sensaçao do mundo. ", desabafou.
Ainda que o talude não represente risco imediato à estrutura da barragem, Patrícia disse que o sofrimento não diminui. A possibilidade de que a história do Distrito de Socorro se perca, como ocorreu com a comunidade de Bento Rodrigues, atingida pelos rejeitos da barragem da Samarco em 2015, amedronta a dona de casa.
"O que nós queremos é voltar pra lá, tentar resgatar nossa história. Cada dia que passamos longe da nossa comunidade, que está largada às traças, é mais um sofrimento", lamenta a mulher.