Um laudo realizado pelo Instituto de Criminalística (IC), da Polícia Civil de Minas Gerais, comprovou que o reboqueiro Anderson Cândido de Melo, de 48 anos,
que morreu após ser atingido por um tiro, no dia 26 de julho deste ano, não acelerou o veículo em direção ao seu algoz, o delegado Rafael Horácio.
Na ocasião, durante uma briga de trânsito no Viaduto Oeste, Horácio saiu de uma viatura descaracterizada e disparou uma única vez contra o para-brisa do reboque. A vítima chegou a ser levada do Complexo da Lagoinha até o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
A possibilidade de Anderson ter atentado contra a vida de Rafael, acelerando o carro contra ele, foi aventada durante a investigação. No entanto, a perícia provou que isso nunca ocorreu. Já que o reboque trafegava a 31 km/h no momento do fato, em seguida, desacelerou, e parou. Ele permaneceu nesta posição por cinco segundos, momento em que sofreu um tranco, "sem que esse tenha sido acompanhado pelo aumento de rotação do motor".
A
possibilidade de legítima defesa foi afastada pelo inquérito. Horácio foi indiciado no dia 30 de julho por homicídio pelo crime de homicídio duplamente qualificado – por motivo fútil e sem possibilidade de defesa da vítima. Testemunhas relataram que o
delegado teria, inclusive, alterado a cena do crime.
Amassados não tem relação com o incidente
O laudo informou ainda que alguns amassados identificados na viatura descaracterizada não foram ocasionados durante a briga de trânsito. "Nesse laudo de vistoria foi possível visualizar, através dos anexos fotográficos, que o veículo 01 (HR-V) já exibia as danificações verificadas na região angular posterior direita. Dessa forma, foi possível concluir que as danificações verificadas na região angular posterior direita (sítio 2), não foram produzidas em decorrência do acidente em análise”, explica o perito no documento.
O que diz a defesa
O advogado do delegado informou que a defesa vai se manifestar nos autos. "Mas, a perícia é favorável ao Dr.Horácio porque está evidente que o caminhão se encontrava ligado e com a marcha engatada e o freio acionado".
Prisão
Rafael Horácio foi preso no dia 30 de julho, por meio de um mandado de prisão. O pedido de prisão cautelar foi feito no dia 29 de julho, pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Minas Gerais, e deferido pela Justiça. A prisão temporária foi convertida em preventiva no dia 9 de agosto.
Relembre o caso
O desentendimento ocorreu no Viaduto Oeste, no Complexo da Lagoinha. Informações levantadas por O TEMPO com fontes no local do disparo indicam que o delegado estava em uma viatura descaracterizada quando foi fechado pelo caminhão, o que deu início a uma discussão. Após algum tempo, o policial teria fechado o reboque da vítima e efetuado o disparo, que atingiu o pescoço do homem. Ao perceber que tinha acertado o motorista, o próprio autor do tiro acionou a Polícia Civil e a perícia técnica compareceu ao local, fazendo os levantamentos iniciais na cena do crime.
Quando o veículo da vítima seria removido do local, familiares e amigos do homem baleado protestaram, momento em que um delegado explicou em voz alta que a primeira perícia já tinha sido feita e que uma nova perícia aconteceria em um segundo lugar, não especificado pelo policial.
Foi então que a filha dele ( da vítima) pediu para entrar no caminhão apenas para pegar o telefone do homem, que estava em um compartimento embaixo do banco do passageiro, A moça pegou ainda uma blusa de frio. Nenhuma arma foi encontrada no caminhão, conforme constatado pela reportagem que acompanhou a situação.
Quem é a vítima
Vizinhos de Anderson, ouvidos pela reportagem, contam que o reboqueiro era um trabalhador que se dedicava à família e à igreja. "Nunca teve nada errado com ele, ele era um homem evangélico que só vivia de luta", contou uma amiga, que preferiu o anonimato.
Pai de quatro filhos (um menino e três meninas) e amoroso com todos eles, Melo era querido na vizinhança e também na comunidade da igreja. "Foi um choque (a morte) para todos, a pastora e o pastor foram na casa dele. Todos os filhos moravam com ele, a mulher dele estava inconsolável", revelou a vizinha. Um amigo dele, que também pediu anonimato, desabafou que nunca havia visto tamanha "covardia".
"Saracura (como era conhecido Anderson) era um ótimo mecânico, um excelente profissional no ramo de reboque e um amigo sem igual. Ninguém nunca viu Saracura numa mesa de jogo, ou numa mesa de bar. Era serviço e igreja", detalhou.
Registros criminais
Vizinhos de Anderson, ouvidos pela reportagem, contam que o reboqueiro era um trabalhador que se dedicava à família e à igreja. "Nunca teve nada errado com ele, ele era um homem evangélico que só vivia de luta", contou uma amiga, que preferiu o anonimato.
Pai de quatro filhos (um menino e três meninas) e amoroso com todos eles, Melo era querido na vizinhança e também na comunidade da igreja. "Foi um choque (a morte) para todos, a pastora e o pastor estão na casa dele. Todos os filhos moravam com ele, a mulher dele está inconsolável", revela a vizinha. Um amigo dele, que também pediu anonimato, desabafou que nunca havia visto tamanha "covardia".
"Saracura (como era conhecido Anderson) era um ótimo mecânico, um excelente profissional no ramo de reboque e um amigo sem igual. Ninguém nunca viu Saracura numa mesa de jogo, ou numa mesa de bar. Era serviço e igreja", detalhou.
Veja o laudo completo: