Ficar em casa, medida importante para o controle do avanço do coronavírus, tem se tornado sinônimo de contas mais caras e despesas de supermercado mais altas para muita gente. E, ao mesmo tempo em que os gastos sobem, a renda cai – com a necessidade de isolamento social, muitas pessoas perderam o trabalho ouviram o número de serviços despencar. Mas, segundo especialistas, economizar em tempos de pandemia é possível e necessário.

Desempregada há mais de dois anos, Edssara Rodrigues, 41, faz serviços de faxina, mas a maioria dos clientes suspendeu as demandas nas últimas semanas. Neste período, ela notou que os preços dos alimentos, como arroz e feijão, cresceram. “Carne de boi faz meses que eu não compro, de porco ainda consigo compras umas três vezes por mês. Minha água tem aumentado gradativamente, pago sempre uma conta em atraso, e a luz subiu uns R$ 20. Espero que passe logo”, diz Edssara, que tem uma filha de 6 anos. O pai da menina, que é pedreiro, também perdeu serviços desde o início da pandemia.

A conta de luz da aposentada Maria José de Fátima, 63, veio cerca de R$ 400 mais cara neste mês, e a de água, que costumava custar em torno de R$ 75, passou a R$ 125. "Aumentou bastante. Eu e meu filho passamos o dia todo em casa agora, com televisão ligada e luzes acesas o tempo inteiro. Acabamos consumindo mais água também", conta.

A cozinheira Renata Bergamini, 39, trabalha em casa normalmente, mas os filhos, que passavam o dia fora na escola ou no curso, passaram a ficar o tempo todo na residência. “A gente utiliza mais os aparelhos eletrônicos e come mais, e tudo está mais caro no supermercado. Se nós gastávamos R$ 220 por semana, agora estamos gastando R$ 400. A conta de água passou de R$ 119 para R$ 179", afirma Renata, que tem sofrido com a queda de demanda de serviços. Para economizar, ela e a família passaram a controlar mais o tempo do banho e substituíram marcas mais caras por outras mais em conta.

A consultora Erika Souza, 48, atua em projetos da área de educação, mas todos eles foram interrompidos por causa da pandemia. Para garantir uma renda, ela está produzindo e vendendo máscaras. “O que aumentou muito foi o gasto com energia, água e produtos de supermercado. Estou fazendo compras para a minha mãe, e, depois de qualquer saída, coloco as roupas na máquina e vou para o banho”, conta. Acostumadas a passar o dia fora, Erika e a filha agora ficam em casa, com o computador ligado o tempo todo. “O preço de alguns itens já aumentou bastante, principalmente de material de limpeza e higiene. Eu normalmente gastava R$ 200 com supermercado a cada 15 dias, agora é isso a cada semana”, diz.

De acordo com especialistas, algumas medidas podem ajudar a economizar neste período. O professor do departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Jader Fernandes Cirino, orienta a parar de comprar comida fora, para evitar despesas com frete ou combustível, e a cozinhar mais em casa. “Uma dica é tentar, dentro do possível, cozinhar arroz e feijão para a semana toda para economizar gás. No caso do supermercado, como estamos em um momento em que não dá para ficar na rua pesquisando preço, a recomendação é definir uma lista, pesquisar os preços online e verificar onde vai sair mais barato”, explica o professor.

Em relação à energia elétrica, a primeira dica é desligar da tomada todos os aparelhos em desuso. Para quem está trabalhando de casa, é importante buscar espaços mais claros, com iluminação natural. “Uma alternativa boa também é deixar de ficar só no computador e na TV e optar por leitura e jogos que envolvem a família”, diz Cirino. Cuidados com o chuveiro, item que mais consome energia elétrica na casa, também são essenciais: é preciso ficar de olho no tempo do banho.

Neste período de incertezas e instabilidade econômica, compromissos financeiros mais pesados e de longo prazo devem ser evitados. A professora do departamento de Economia Doméstica da UFV, Ana Lídia Galvão, diz que o mais importante nesta ou em qualquer outra circunstância é se planejar. “O que a pessoa está economizando com transporte, comida fora de casa ou saídas no final de semana nesse período, ela pode guardar, se possível, para que, se a situação apertar mais, tenha uma reserva".