Em Montes Claros

Sargento que matou tenente planejou o crime e fugiu para a Bahia, diz polícia

Militar confessou que tinha algumas divergências com a vítima

Por Lucas Gomes
Publicado em 10 de maio de 2023 | 13:35
 
 
 
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A Polícia Civil de Minas Gerais concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (10), para elucidar as informações iniciais obtidas na investigação sobre a morte do tenente do Corpo de Bombeiros Rafael Alves Veloso, de 42 anos, na última sexta-feira (5). De acordo com o delegado Bruno Rezende da Silveira, a polícia já entende que o crime foi cometido por um sargento da mesma corporação da vítima e que o delito foi premeditado. 

“Para nós, desde o início, pelo o que foi colocado,  houve premeditação, houve uma cogitação em relação ao cometimento do crime. Até pelas circunstâncias de já ir preparado para o local do fato e poder ter o mínimo de estrutura para sair do Estado e voltar para se guarnecer e preparar toda uma estrutura para alinhar elemento de defesa, então há premeditação. Ninguém vai pra casa de ninguém, 7h,  para conversar se está brigado. Essas coisas normalmente não dão certo, como não deu”, disse o delegado.

O sargento se entregou após uma negociação entre o advogado de defesa e o Corpo de Bombeiros. A defesa indicou uma residência onde o militar estava. A Polícia Civil foi até o local com o Corpo de Bombeiros, cumpriu o mandado de prisão temporária e levou o acusado para a delegacia. Em conversa informal, já que o sargento não foi ouvido formalmente, ele confessou o crime. “Ele estava calmo, tranquilo. Narra verbalmente arrependimento em relação aos fatos, mas não demonstra isso em comportamento”, explicou o delegado Bruno da Silveira.

Após cometer o homicídio, o homem foi para Salvador, na Bahia. Lá, ele pediu para que o advogado e a esposa negociassem a rendição. Ele voltou para Montes Claros de ônibus. Segundo as investigações, no dia do crime, o sargento saiu de casa às 6h17, foi em uma padaria, comprou pão, deixou o alimento em casa e foi até a casa da vítima em uma moto, onde cometeu o crime.

A mulher do sargento disse à polícia que estranhou o fato de o marido sair mais cedo de casa naquele dia, mas ele não falou nada. A esposa revelou que o acusado comentou, em outra ocasião, que estava chateado com o tenente devido a uma divergência na corporação. Outras testemunhas reafirmaram essa versão, mas o Corpo de Bombeiros alega que nada foi formalizado na corporação e, por isso, não tem condições de confirmar a situação. 

Autoria confirmada

O delegado Bruno Rezende da Silveira contou que, desde os primeiros momentos após o crime, o sargento foi apontado como o principal suspeito por conta de divergências com a vítima. “Percebeu-se que esse militar não tinha comparecido ao trabalho e, por razões óbvias, levantou mais um alerta. A partir disso, diligências foram desenvolvidas. Testemunhas apontaram que o autor era forte, estava em uma moto, usava camisa branca e carregava uma mochila. Vídeos de câmeras de segurança mostravam o autor saindo da sua residência com a mesma veste e a moto usada no atentado”, detalhou o delegado.

O sargento suspeito de homicídio qualificado tinha porte de arma. A pistola Taurus calibre 380 não foi encontrada na casa do suspeito após o crime, mas a polícia recolheu munições que estavam no local para a comparação com aquelas encontradas na cena do crime. 

Não há nenhum laudo que comprove que o sargento passava por problemas psiquiátricos. O coronel Júlio César Toffoli, do Corpo de Bombeiros, alegou nesta quarta-feira que o sargento "não tem nenhuma restrição médica e trabalhava normalmente". Durante a prisão, entretanto, o suspeito apresentou medicamentos com relação psicológica e psiquiátrica.  

Impossibilidade de defesa

Ainda durante a coletiva, a Polícia Civil informou que a forma como o corpo do tenente foi encontrado indica a impossibilidade de defesa da vítima. O militar foi encontrado caído “de lado” na porta de casa. “Isso indica que a vítima teria tentado se desvencilhar, virando o corpo e sendo alvejada, o que configura a impossibilidade de defesa”. 

As investigações vão apontar se o sargento será indiciado por homicídio e por quais agravantes. 

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