Reflexo da paralisação

Se caminhoneiros não liberarem rodovias, pode faltar combustível em BH

Funcionários de postos da capital, Contagem e de Betim já apresentam medo de desabastecimento; em Mateus Leme, Lagoa da Prata, Perdões, Campo Belo e Oliveira, postos já ficaram sem os combustíveis

Por FERNANDA VIEGAS / JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 24 de fevereiro de 2015 | 14:12
 
 
 
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Os postos de combustíveis do Estado já sentem os efeitos da paralisação dos caminhoneiros e, na região metropolitana de Belo Horizonte, alguns estabelecimentos já temem que, nesta quarta-feira (25), falte o produto nas bombas caso a situação não se normalize. Apesar do temor, no fim desta tarde a Justiça Federal em Minas Gerais acatou o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) que pedia a liberação das rodovias federais. 

Levantamento feito pela reportagem de O TEMPO na capital, aponta que algum postos estão com medo de faltar o produto nesta quarta. "No posto não falta combustível no momento, ontem houve entrega aqui, mas caso não haja o abastecimento nas próximas 24 horas não poderemos atender os clientes", disse o gerente de um posto na região centro-sul.

Em outro, o funcionário Hugo Fernandes afirma que "mantendo o movimento atual, o estoque vai acabar na manhã dessa quarta". O mesmo cenário foi encontrado nas cidades de Contagem e Betim, onde algumas unidades já se preparam para a falta de combustível ainda hoje.

Nessa terça-feira (24), motoristas que procuraram alguns postos de Campo Belo, Perdões, Oliveira e Lagoa da Prata, na região Centro-Oeste, e em Mateus Leme, na região Central, já encontraram a falta de álcool e gasolina no estoque.

Em Mateus Leme, um posto de um combustíveis às margens da MG-050 já registra a falta dos produtos. "Temos um pouco de óleo diesel, mas o álcool acabou nesta segunda-feira e a gasolina hoje por volta das 7h. Pra gente, chega combustível todo dia, mas não recebemos nem ontem (segunda-feira) e nem hoje", explicou o gerente José Antônio dos Santos Brandão.

De acordo com Davi Sousa Vilela, morador de Lagoa da Prata, dos 11 postos existentes no município somente quatro ainda tinham combustível nesta tarde. "As filas estão enormes nos poucos que ainda tem", contou. Um funcionário do Nosso Posto, na avenida Benedito Valadares, confirma que desde a manhã já não há mais álcool nem gasolina.

Em outro posto de Lagoa da Prata, o RM, ainda há combustível nas duas filiais da cidade, entretanto, conforme um frentista que preferiu não ser identificado, até a manhã desta quarta-feira (25) o estoque já deve ter acabado. Em Oliveira, um dos postos já não tinha estoque de gasolina e álcool. Em São Francisco de Paula, cidade ao lado, o diesel também já havia acabado.

Geisa Brito, assessora de comunicação do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), informa que ainda não recebeu reclamações sobre falta de combustível no estado e não acredita em desabastecimento na capital. Ainda de acordo com o Minaspetro, há registro apenas de atraso na entrega em três cidades da região Centro-Oeste - Cláudio, Oliveira e Perdões.

"Ainda não tivemos relatos sobre atraso ou falta de abastecimento, até porque os caminhões estão abastecendo normalmente na refinaria. Provavelmente, estão ficando retidos nos congestionamentos causados pela greve. Em Belo Horizonte, não acreditamos em desabastecimento por não haver rodovias e esperamos que a situação seja regularizada em breve", comentou.

Outros estados brasileiros já estão convivendo com essa realidade. Estados onde os protestos duram mais tempo como Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Rio Grande do Sul já enfrentam esse problema desde o início da semana. A Prefeitura da cidade paranaense de Santo Antônio do Sudoeste, suspendeu as aulas por tempo indeterminado. Os setores alimentício e de limpeza urbana também devem ser afetados nos próximos dias.

Prejuízo na indústria

Pelo segundo dia consecutivo, a Fiat dispensou trabalhadores das atividades na montadora, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, pela falta de peças para a realização do trabalho. O material deveria chegar de caminhão à empresa.

De acordo com a assessoria da empresa, foram dispensados trabalhadores dos três turnos nesta terça-feira. A Fiat não informou, contudo, o número de dispensas e nem quantos carros deixaram de ser produzidos, desde esta segunda-feira (23), quando o protesto teve início.

Confira o posicionamento da Fiat, na íntegra:

"O bloqueio da BR-381 ao tráfego de caminhões comprometeu o abastecimento de autopeças e componentes à fábrica da Fiat Automóveis, em Betim, MG. A empresa opera em regimes de just in time e just in sequence, nos quais as autopeças a serem utilizadas na produção de veículos chegam à fábrica em sequência e poucas horas antes de serem utilizadas. Em função do abastecimento irregular de componentes, a Fiat suspendeu a produção do segundo e terceiro turnos da segunda-feira, 23, liberando os trabalhadores. Como o bloqueio da via de transporte persiste, os trabalhadores do primeiro e segundo turnos também foram liberados do trabalho nesta terça-feira (24).”

Falta de abastecimento

De acordo com as Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasaminas) a greve ainda não afetou o setor.

Já na área de laticínios há o temor pela perda dos produtos, que são perecíveis e o setor se preocupa com prolongamento da manifestação. "Há informações de cargas de leite e produtos derivados impedidas de transitar por causa da manifestação. O leite e seus derivados são extremamente perecíveis, com perda de qualidade ao longo do tempo e risco de perda total (...) Caso a situação persista, poderá haver prejuízo para toda a cadeia produtiva", salienta o Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg)". O sindicato pede as autoridades que tomem as providências para evitar prejuízos.

Atualizada às 18h08

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