Contra aumento das passagens

Segundo protesto dura 4 horas, é pacífico e reúne 3.000 pessoas

Polícia Militar não registrou nenhum detido; passeata percorreu cerca de cinco quilômetros e se dispersou às 21h

Por Bárbara Ferreira / Joana Suarez / Camila Kifer / Natália Oliveira / Bernardo Miranda
Publicado em 14 de agosto de 2015 | 21:13
 
 
 
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O segundo protesto contra o aumento das passagens de ônibus em Belo Horizonte durou quatro horas, percorreu cerca de cinco quilômetros e transcorreu de forma pacífica.

Na última quarta-feira (12), a mesma manifestação foi interrompida quando a Tropa de Choque da Polícia Militar cercou os militantes e atirou bombas de gás e balas de borracha contra eles, para desobstruir a via. No final da quela noite, 62 pessoas tinham sido detidas e houve relatos de vários feridos, inclusive o repórter Denilton Dias, de O TEMPO.

Já nesta sexta-feira, com o mote de menos repressão – além da questão das passagens de ônibus – o protesto não teve nenhuma pessoa presa, segundo a PM. Os movimentos sociais que o organizaram tampouco relataram casos de agressão ou violência até as 21h.

Segundo a Polícia Militar, o auge do protesto contou com 600 pessoas. Já os manifestantes calculam 3.000 pessoas.

Veja como foi

O protesto começou por volta das 17h, com concentração ainda tímida na praça Sete. Havia seis viaturas no local naquele momento e os poucos manifestantes que já tinham chegado foram revistados.

Uma hora depois, segundo a PM, havia cerca de 300 pessoas. Às 18h15, elas começaram a fechar a avenida Afonso Pena. O momento mais tenso do protesto foi às 18h20, quando a PM deu 15 minutos para os manifestantes desobstruírem uma parte da avenida. Mais cedo, um representante da PM havia dito que a organização voltaria a usar a força caso fosse necessário liberar as avenidas. Por isso, membros do movimento Tarifa Zero chegaram a usar megafone para pedir que os manifestantes liberassem a faixa da esquerda da avenida, para passagem de carros e ambulâncias.

A partir dessa liberação, o protesto transcorreu sem confusão. Motoristas de ônibus e de carros passaram buzinando em sinal de apoio aos manifestantes, que seguiram pela avenida Getúlio Vargas, praça da Savassi, Cristóvão Colombo, praça da Liberdade e avenida João Pinheiro.

Depois de sair da Afonso Pena, eles chegaram a fechar totalmente as avenidas, mas já com a permissão da PM, que disse que aquelas outras vias não causam grande impacto no trânsito da cidade e o horário de pico já havia passado.

O grupo desceu de novo a Afonso Pena e terminou o protesto por volta das 21h, quando as pessoas começaram a se dispersar, de novo na Praça Sete.

A Polícia Militar informou que uma pessoa que estava na avenida Afonso Pena teve uma parada cardíaca, não resistiu e morreu no local. Ainda não se sabe se a vítima, que não foi identificada ainda, estava no protesto.

"Ao menos três ocorrências do Samu foram prejudicadas pelo fechamento das vias. Uma delas, foi a do senhor de 63 anos que morreu de infarte", relatou o Comandante do Comando de Policiamento Especializado, Robson Queiroz.

Questionado sobre a ação da PM na última manifestação, o comandante informou que as ações dos manifestantes desta sexta-feira definiram as atitudes adotadas pela corporação.

"Lógico que sempre existe aprendizado. A diferença hoje é que as lideranças dos protestos foram conversando com a Polícia Militar durante todo o trajeto. Informando a direção, podemos avaliar o prejuízo no tráfego e fazer as ações para amenizar o impacto", explicou o comandante ao se referir sobre a relação com os manifestantes no ato desta sexta.

 

Ação contra aumento das passagens

O Ministério Público Estadual (MPE) entrou com uma ação civil pública que pede a suspensão do aumento das passagens de ônibus, que passaram a vigorar no último sábado (8). A ação foi protocolada na 4º Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal de Belo Horizonte.

A ação também solicita que seja feita uma perícia técnica, a ser realizada pelo Instituto de Criminalística, para apurar todo o movimento diário de venda de passagens. Seja por cartão BHBUS, diretamente nos coletivos e nas estações de transferências de passageiros do MOVE. O artigo 420, do Código de Processo Civil, autoriza o juiz a pedir a realização de prova pericial.

A justificativa para o reajuste concedido pelo Município se baseou na necessidade de manutenção do “equilíbrio econômico-financeiro do contrato”, quando as empresas alegaram estar tomando prejuízo com a elevação do custos e a diminuição do número de passageiros.

O MPE argumenta que já estaria em contrato o reajuste anual que supriria essas demandas e também a revisão quadrienal, que busca a compensação dessas diferenças de valores que a última foi realizada em 2013, que preza pelo equilíbrio.

A Defensoria Pública também entrou com uma ação civil na última quarta-feira pedindo a suspensão do reajuste.

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