Os profissionais da saúde do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, foram orientados internamente pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) a controlar o uso de luvas estéreis, devido à dificuldade de reposição do item no mercado. Os trabalhadores dizem que a recomendação pode resultar na redução de procedimentos médicos e cirurgias eletivas, que demandam esse tipo de luva.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos Operacionais da Saúde, Auxiliares de Apoio a Saúde e Analistas de Gestão e Assistência a Saúde (Sindpros), que representa trabalhadores da Rede Fhemig, e funcionário do João XXIII, Carlos Martins, a unidade tem registrado falta de luvas esterilizadas nos últimos dias, e alguns procedimentos cirúrgicos tiveram de ser adiados.

"Agora fizeram um comunicado interno orientando as pessoas a usarem menos luvas, mas não tem jeito, porque, para fazer cirurgia, tem que usar luva, e não dá para reaproveitar depois. A luva já era utilizada apenas quando necessário", afirmou.

"O que vai acabar acontecendo é que alguns procedimentos, que, por segurança, deveriam ser feitos com luva, como puncionar a veia do paciente, passarão a ser feitos sem luva, e isso gera riscos de contaminação", disse Martins, acrescentando que cirurgias eletivas também podem vir a ser adiadas por falta de luvas.

Em nota, a Fhemig informou que, em nenhum momento, foram adiadas cirurgias no Hospital João XXIII. A Fundação disse que cirurgias eletivas não foram adiadas por causa de falta de insumos, e, sim, por determinação das autoridades sanitárias, neste momento de pandemia. 

Segundo a Fhemig, o hospital, assim como toda a rede de saúde, "está se esforçando para manter o estoque de insumos necessários em um momento de pandemia". Como há dificuldade na reposição de luvas estéreis no mercado, o comunicado foi feito para orientar sobre a utilização dos itens, que devem ser usados "preferencialmente em cirurgias" e estavam sendo aplicados "nos processos cotidianos". De acordo com a Fhemig, "isso pode comprometer a realização de cirurgias de urgência em um pronto socorro referência em traumas graves".

A Fundação destacou, ainda, que o Hospital João XXIII dispõe atualmente de estoque suficiente de luvas de procedimento, não estéreis e seguras para atendimentos hospitalares cotidianos. Segundo a Fhemig, esse tipo de luva é o indicado para a punção de vfeias de pacientes, e a segurança do paciente e do servidor está garantida.