MEDO NAS FÉRIAS

Supostas tentativas de sequestro de crianças em BH apavoram mães; PM responde

Áudios que circulam por WhatsApp citam ambientes específicos onde tentativas teriam acontecido; Polícia Militar diz que não passa de boato

Por Isabela Abalen
Publicado em 20 de julho de 2023 | 10:22
 
 
 
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“Eu vou enviar áudio, porque não consigo escrever de tão nervosa que estou”. É assim que começa um relato de uma suposta mãe ao contar do momento em que seu filho, identificado como Matheus, teria passado por uma tentativa de sequestro na Praça Floriano Peixoto, no bairro Santa Efigênia, na região Leste de Belo Horizonte.

A forma como a suposta tentativa de sequestro aconteceu também foi relatada por pelo menos mais dois áudios de outras mulheres: mãos dadas com estranhos. “Veio um cara para pegar na mão do Matheus”, diz o áudio. Os relatos “encaminhados com frequência” no aplicativo de mensagem têm apavorado famílias em pleno período de férias escolares. 

Além da Praça Floriano Peixoto, dois shoppings da capital foram apontados como foco de “sequestradores”: um da região da pampulha e o Pátio Savassi, no Centro-Sul de BH. No primeiro, uma outra suposta mãe diz que se distraiu por "um segundo" da filha, chamada de Ana no áudio, quando uma mulher pegou a menina pela mão e saiu andando com ela. 

“Passou uma moça e deu a mão para ela. E foi andando com ela. Quando eu vi, foi questão de segundos. Ela (a filha) assustada, e a mulher continuou andando, como se não fosse com ela, como se a criança fosse dela”, relata no áudio que encaminhou para grupos de mães. 

Já no Pátio Savassi, uma outra mulher que se identifica como mãe de uma menina disse que avistou um segurança do shopping tirando uma criança das mãos de um homem desconhecido. “Acabei de ver (acontecendo), sendo que acabaram de enviar dois áudios de outra mãe. Quem vier no Pátio Savassi, aqui está lotado de criança, tome cuidado”, alerta.  

Relatos tiram a paz das mães 

Ao receber os áudios por mensagem, a advogada Mariana Camilo, de 32 anos, ficou assustada e, agora, vai reforçar o cuidado com a filha de dois anos ao sair de casa com ela. 

“Para mim, isso é um gatilho desesperador. Morro de medo de alguém pegar minha filha e eu não perceber. Como criança faz pirraça, as pessoas não acham estranho se está chorando ou gritando. É comum uma criança sequestrada passar despercebida e as pessoas acharem que seria somente uma pirraça. Isso me preocupa muito, principalmente por não saber o que podemos fazer, de fato, para evitar este tipo de situação”, lamenta. 

Para Mariana, depois dos relatos, se sentir segura com a filha, só se for andando com ela no colo. "É muito difícil, não sei o que fazer, a não ser andar com a menina grudada em mim. Minha filha é menorzinha, ainda ando com ela no colo, mas está ficando pesada. O medo é pegarem a criança e você perceber tarde demais", diz. 

Polícia Militar desmente 

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) informou que, sobre o primeiro áudio que levou ao alvoroço, do suposto caso na Floriano Peixoto, o órgão “vasculhou o sistema, observou câmeras de monitoramento, consultou o serviço de inteligência e não localizou nenhuma situação do gênero”. 

Para evitar pânico, a PMMG indica que áudios e mensagens do tipo não sejam encaminhados antes do acionamento das equipes de segurança. “A PMMG esclarece, ainda, que qualquer pessoa que vivencie ou tenha algum problema dessa envergadura, procure a instituição antes mesmo da produção/divulgação de áudios que criem situações que possam causar pânico desnecessário às pessoas”. 

A reportagem procurou os shoppings mencionados nos relatos, mas nenhum posicionamento foi enviado.

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