Via Sacra

Telas de Portinari saem da Pampulha para restauração

Obras que representam os passos de Jesus Cristo até a cruz e que compõem a decoração da Igrejinha da Pampulha, foram retiradas das paredes do monumento nesta terça-feira (17)

Por Mariana Nogueira
Publicado em 17 de outubro de 2017 | 23:34
 
 
 
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As quatorze telas de Cândido Portinari que representam os passos de Jesus Cristo até a cruz – conhecidos como “Via Sacra” – e que compõem a decoração da Igrejinha da Pampulha, foram retiradas das paredes do monumento nesta terça-feira (17)  e devem passar cerca de um ano em restauração. As obras, que foram restauradas pela última vez há 16 anos, apresentam problemas como rachaduras, marcas d’água, sujeira e desprendimentos em camadas de pintura. No mês que vem, a Igrejinha será completamente fechada para obras de revitalização.

Na tarde desta terça-feira (17), uma equipe técnica do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor), órgão complementar da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e responsável pelo abrigo e restauração das obras, fez a retirada das telas das paredes, realizou uma vistoria do estado aparente dos quadros e os encaminhou para o ateliê.

“A gente faz laudos porque a gente precisa saber exatamente o estado de conservação da tela, como ela está saindo daqui, os problemas que ela tem. É um protocolo necessário porque durante um transporte ou durante uma manipulação, pode ocorrer alguma coisa”, explicou a restauradora Moema Queiroz.

Após o laudo inicial das obras, os restauradores fixam um papel específico nas telas, chamado “glassine”, e passam com um pincel um produto químico chamado “emulssificante”, para que a tela tenha uma espécie de fixação direta. Em seguida, os quadros são embalados com plástico bolha, revestidos com mantas de TNT e inseridos em uma caixa climatizada, isolada com isopor e com tampas vedadas. O transporte é feito com escola policial.

As obras de Portinari estão desde a década de 40 na Igrejinha da Pampulha, que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo Mônica Queiroz, o estado das peças está intimamente ligado a problemas estruturais da igreja. “Nós temos que observar tudo do entorno. Então nós temos aqui uma série de questões que influenciam na conservação da obra, como infiltrações, por exemplo. Por isso, faremos estudos ligados ao ambiente interno, tais como as variações de temperatura e umidade, para saber tudo o que influencia”, explicou. Embora já apresentem os problemas há algum tempo, telas só foram retiradas agora devido a grande agenda de casamentos na igreja. Foi preciso esperar uma data próxima ao fechamento provisório da igreja para a retirada.

Os técnicos estimam que restauração das telas dure um ano, mesmo tempo estimado pela Arquidiocese para que reforma da Igrejinha chegue ao fim. Entre os dias 18, quando acontece o último casamento no local, e 20 de novembro, o monumento será fechado para obras de revitalização. Os quadros só devem retornar para a igreja no fim das obras.Os trabalhos tem a supervisão do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, do Iphan, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e da Fundação Municipal de Cultura.

A restauração das obras acontece por meio de convênio entre a Arquidiocese de Belo Horizonte e a Cecor. Os materiais utilizados na restauração serão fornecidos pela Arquidiocese e devem custar por volta de R$ 26.000. A empresa que fez o transporte doou o trabalho.

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