Educação

Uemg celebra fase de expansão após anos de sucateamento

Universidade do Estado de Minas Gerais pulou de 5.000 para 23 mil alunos nos últimos sete anos. Atual momento da Uemg é contraponto ao vivido pelas federais

Por Alex Ferreira
Publicado em 31 de maio de 2021 | 03:00
 
 
 
normal

Um imponente prédio de 11 andares, localizado no Circuito da praça da Liberdade, em um dos patrimônios culturais da cidade, serve hoje como a nova sede da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg).

Quem conhece o antigo endereço da instituição, em um edifício mal cuidado de nove pisos e dois galpões, que fica na avenida Antônio Carlos, na região da Pampulha, não consegue esconder a surpresa com o contraste de realidades das duas instalações. 

O exemplo ilustra bem a história recente da Uemg, uma das mais importantes instituições públicas do Estado, que depois de anos sofrendo com cortes de orçamentos do governo estadual, tem conseguido sobreviver à crise financeira instalada em Minas, que em tempos de pandemia, ainda deixa rastros como, por exemplo, o pagamento escalonado dos salários dos servidores do Estado, algo que se arrasta pelos últimos anos desde a gestão passada.

Na contramão de tudo isso, dados obtidos no Portal da Transparência mostram que, nos últimos nove anos, os recursos repassados pelo governo de Minas para a Uemg pularam de R$ 79 milhões, em 2011, para R$ 217 milhões no ano passado, um crescimento de 174.68%. Só em março, a Uemg recebeu do governo do Estado R$ 26 milhões para investimento de reestruturação de seus laboratórios, a modernização das bibliotecas e a aquisição de veículos.

“Nós passamos por uma expansão gigantesca nos últimos anos. Com isso, houve também um aumento significativo no orçamento que recebemos do governo do Estado”, explica o pró-reitor de planejamento, gestão e finanças da Uemg, Fernando Sette Junior.

Franca expansão

Segundo a universidade, o número de alunos matriculados cresceu de 5.000, em 2013, para mais de 23 mil, em 2020. Um dos motivos desta expansão se deve à incorporação de unidades no interior de Minas. Nos últimos oito anos, a Uemg expandiu de dez para 20 o número de unidades acadêmicas alcançando 16 municípios de diversas regiões do Estado.

A expansão, no entanto, não deixou a universidade ilesa de cortes e asfixiamentos financeiros no período. “Passamos por uma situação fiscal muito delicada em 2015. Quando a atual gestão assumiu, em julho de 2018, a situação das contas era bem precária”, afirma Junior. 

Situação contrastante

O atual bom momento financeiro da Uemg contrapõe o fantasma do sucateamento que assombra as universidades federais no país, que sofreram cortes acumulados no orçamento nos últimos anos.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, pode sofrer neste ano uma redução de até R$ 76 milhões no orçamento, o que representa um corte de 36,5% em relação ao valor recebido em 2020. Com os cortes anunciados pelo governo federal, a instituição retrocederá para nível de investimento de 15 anos atrás, o que é lamentado pelos docentes. 

“As universidades são os grandes centros de pesquisa, avanço científico, tecnológico e formação de recursos humanos qualificados. Cortar recursos delas é comprometer esse futuro”, analisou o professor emérito da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Face/UFMG), Clélio Campolina Diniz. 

Prédio da Antônio Carlos segue funcional

Agora localizada no revitalizado prédio da praça da Liberdade, a transição da Escola de Design para sua nova morada não aconteceu da maneira simples. Inaugurada em 2014, a obra no edifício tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) foi paralisada por duas vezes antes de ser concluída no fim do ano passado. 

Desde então, o local que já foi sede do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), está em funcionamento atendendo toda a parte administrativa da instituição, assim como a área de pesquisas e a biblioteca da escola. As aulas presenciais, no entanto, ainda estão suspensas devido às medidas de saúde para a contenção da pandemia da Covid-19.

O destino do antigo prédio na avenida Antônio Carlos, no entanto, segue indefinido. Mas a Uemg informou que a unidade ainda está funcionando. “Nosso almoxarifado ainda está abrigado lá. Um dos motivos da nossa mudança do local foi por ele não mais atender às nossas demandas. O prédio precisa passar por uma reforma estrutural grande para poder atender outra unidade acadêmica”, esclareceu Fernando Sette Junior. 

Minientrevista 

Como a Uemg enxerga a realidade do orçamento das universidades públicas hoje?

A Uemg teve a sorte nos últimos anos de poder lidar com orçamentos que nos permitiram não parar de investir em áreas essenciais. Isso não quer dizer que deixamos de passar por dificuldades, mas conseguimos manter os serviços operantes na maioria das vezes. Em 2019, por exemplo, tivemos o maior orçamento na história da universidade – recebemos R$ 250 milhões do governo estadual. Por outro lado, 2020 foi um ano atípico para todo mundo, e muitas das previsões que tínhamos para melhorias não se desenvolveram devido à pandemia. Em março, o governo nos repassou cerca de R$ 26 milhões para investimentos.

Como a Uemg lidou com a crise ocasionada pela Covid-19?

A pandemia causou um contingenciamento, mas a gestão universitária soube lidar muito bem com a situação. Apesar dos desafios, demos inícios às aulas remotas, e isso, sem nenhum custo extra para nós. Conseguimos também capacitar todos os nossos docentes, que hoje são cerca de 1.500 profissionais, e todos estão aptos a utilizar a plataforma virtual. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!