Aglomeração

Vacinação em BH contra a Covid-19 é marcada por flagrante de longas filas

Em um centro de saúde do Barro Preto, na região Centro-Sul, familiares de idosos levaram banquinhos para que eles aguardassem o momento de acesso ao posto

Por Cínthya Oliveira
Publicado em 13 de fevereiro de 2021 | 12:30

Idosos precisaram encarar uma longa fila à espera de uma vacina no Barro Preto Foto: Ramon Bittencourt

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Muitos idosos com idades entre 86 a 88 anos tiveram de enfrentar longas filas para conseguir receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19 neste sábado (13), em Belo Horizonte.

A fila gerou revolta. Uma pessoa não identificada gravou um vídeo que circula nas redes sociais, no qual mostra as longas filas e critica a Prefeitura de Belo Horizonte (veja abaixo).

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No Centro de Saúde Oswaldo Cruz, no Barro Preto, na região Centro-Sul de BH, vários idosos relataram que tiveram de esperar mais de uma hora para entrar na unidade. É o caso de Conceição Pereira, 88. Usando uma bengala, ela se manteve em pé durante todo esse tempo. "A gente não tinha outra saída, né? Tem que esperar, não dá para ficar sem a vacina", disse a advogada, que não havia saído de casa desde fevereiro do ano passado.

A grande fila não tirou o otimismo de Maria Auxiliadora Rocha, 88. Após um ano de isolamento completo, ela saiu de casa para se vacinar no Centro de Saúde do Barro Preto e poder ter esperanças de rever presencialmente os filhos, netos e bisnetos. "A gente não pode desanimar, para tudo em fila. Já imaginava que teria de esperar muito. Depois disso, vou comemorar", disse.

Após a segunda dose, ela espera reencontrar os dez netos e seis bisnetos, que ela tem visto apenas por chamadas de vídeo. "De máscara, mas pelo menos vamos chegar mais perto".

Cena se repete no bairro Santo Agostinho

A fila também foi extensa ao longo de toda manhã no Centro de Saúde Menino Jesus, no bairro Santo Antônio, também na região Centro-Sul. No início da tarde deste sábado, idosos relataram ter de esperar duas horas para acessar a entrada do posto.

A Guarda Municipal interviu no trânsito na rua Congonhas para facilitar a vacinação do público-alvo com problema de locomoção. Além disso, senhas foram distribuídas para organizar a fila.

Morador do bairro, Fernando Quintero, disse que passou de carro pelo posto por três vezes, esperando a fila diminuir para garantir a imunização para a mãe, Marila, 88. Enquanto ele guardava o lugar na fila, dona Marila esperou debaixo da sombra de uma árvore, sentada em uma cadeira levada pelo filho. "Ela não queria vacinar, mas eu a convenci a vir", disse.

Mesmo com a grande espera, muitos idosos ainda mantinham o bom humor. É o caso de Célia Costa Ribeiro, também de 88 anos. A espera de 90 minutos deixou suas pernas inchadas, mas ela conseguiu uma cadeira emprestada enquanto aguardava. "Não estou cansada. Trabalhei muitos anos como enfermeira em hospital e sei como é ficar muito tempo em pé", disse.

Famílias optam por esperar em veículos

A reportagem de O TEMPO também esteve presente no Centro de Atenção à Saúde do Viajante, no bairro Funcionários, onde havia cerca de 20 pessoas na fila às 13h. Idosos disseram que a fila estava maior no período da manhã.

Já no Centro de Saúde Padre Eustáquio, a vacinação foi bastante tranquila no período da manhã. O pequeno trânsito na rua Humaitá facilitou a imunização dos idosos com locomoção limitada, que não precisaram sair do carro para receber a vacina contra a Covid-19.

Dona Nilda, de 87 anos, que sofreu alguns casos de acidente vascular cerebral (AVC), estava no carro da família quando recebeu a primeira dose da vacina. A neta dela, Ana Cláudia Xavier, explicou que toda a família estava ansiosa pela imunização da matriarca.

"É um sonho acreditar que minha avó sobreviveu e que ela ficará protegida com a vacina. É uma grande vitória da ciência, graças a esforços muitos grandes frente a essa tragédia mundial", disse Ana Cláudia.

Resposta da PBH

Em nota, a PBH explicou que reforçou as orientações sobre as medidas de segurança, como distanciamento, e está ampliando as equipes de vacinação para dar maior agilidade na aplicação das doses nos locais onde as longas filas foram registradas. Ainda de acordo com a PBH, outra medida adotada foi antecipar, já na fila, a conferência dos documentos necessários para receber a dose da vacina.

Para realização da vacinação neste sábado, estão abertos 80 Centros de Saúde e mais de 800 trabalhadores da saúde estão envolvidos na ação. A Prefeitura orienta para evitar aglomeração o idoso deve ir acompanhado por apenas uma pessoa.

Aqueles que não conseguiram se vacinar neste sábado poderão procurar um posto de saúde entre segunda e sexta-feira. Mas as famílias devem ficar atentas, pois a vacinação acontecerá em um número menor de centros de saúde da capital. A lista será publicada no site pbh.gov.br no fim da tarde deste sábado.

A prefeitura informou ainda que nesta segunda-feira (15) começa o cadastro de idosos acamados de 86 a 88 anos, para que a imunização aconteça dentro das residências. O cadastro deve ser feito pelo portal da PBH.

Vacinação em BH

A vacinação de idosos entre 86 e 88 anos em Belo Horizonte teve início neste sábado e a estimativa é imunizar até 24 mil pessoas nessa faixa etária. Segundo a Prefeitura de BH, a segunda dose será ministrada de duas a quatro semanas depois da primeira.

A vacinação está sendo realizada em postos específicos nas nove regionais da cidade (veja a lista), com horários organizados da seguinte forma: das 9h às 12h, pessoas com 86 e 87 anos, e de 12h às 15h:, pessoas com 88 anos.

Para ter acesso à vacinação é necessário ter se cadastrado no site da Prefeitura e quem não conseguir ir aos locais de vacinação neste sábado, a Prefeitura vai disponibilizar postos para aplicação da vacina durante a semana (15 a 19 de fevereiro).

(Matéria atualizada às 13h57)