Batalha dos Guararapes

Viaduto desabou por bloco ter um décimo do aço necessário

A construtora Cowan afirmou que o parecer dos técnicos concluiu que houve falha na concepção do projeto executivo entregue pela Sudecap

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 22 de julho de 2014 | 16:13
 
 
 
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A construtora Cowan, responsável pela execução da obra do viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou matando duas pessoas e mais de 20 feridos no dia 3 de julho, na avenida Pedro I, no bairro São João Batista, na região de Venda Nova, afirmou que falhas na concepção do projeto executivo causaram a tragédia. A Consol, empresa responsável por fazer o projeto executivo, informou que ainda avaliará os resultados apresentados na coletiva e somente depois se posicionará sobre o assunto. 

A informação foi divulgada nesta terça-feira (22) durante convocação para a coletiva de imprensa, que acontece nesta tarde no Hotel Mércure, no bairro Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Serão apresentados os resultados dos pareceres técnicos sobre o projeto executivo, que foi fornecido pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). Ainda conforme a empresa, foram apontadas falhas de concepção do projeto, o que teria provocado a queda do ramo sul do viaduto. 

Segundo o parecer dos técnicos, não está claro no projeto a concepção adotada no dimensionamento do bloco, que deveria ter sido considerado flexível e dimensionado como viga, considerando os esforços à flexão, ao cisalhamento e à torção. "O bloco foi dimensionado com um décimo do aço que deveria ter para equilibrar o peso do pilar e do viaduto sobre as estacas. Como não tinha esse aço, o peso ficou todo em cima de duas estacas", disse o calculista Catão Francisco Ribeiro, contratado pela Cowan, durante a coletiva.

Veja vídeo da explicação

No projeto entregue pela Sudecap, o aço projetado para os esforços à flexão do bloco foi de 50,3 cm², enquanto o necessário seria 685 cm². O projeto ainda não considerava o aço para esforços ao cisalhamento e à torção, que deveriam ser, respectivamente, 184,1 cm² e 10,2 cm². Outro erro apontado pelos estudos feitos foi na carga de trabalho adotada na estaca (de 80 cm de diâmetro e 20 metros de profundidade).

O projeto apontava uma carga de trabalho de 250 toneladas, enquanto o necessário deveria ser 467 toneladas, ou seja, as estacas deveriam ser mais profundas, ou ter um diâmetro maior. Um aumento no número de estacas também resolveria o problema, conforme o parecer técnico. 

A coletiva contou com a participação do diretor da unidade construtora da empresa, José Paulo Toller Motta, e do calculista Catão Francisco Ribeiro, da Enescil Engenharia, que seria responsável por mais de 2.200 projetos de pontes e viadutos. 

Também participaram da coletiva técnica o perito e engenheiro Eduardo Vaz de Mello, membro efetivo do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia-Mineiro (IBAPE/MG)  e um membro titular da Associação dos Peritos Judiciais de Minas Gerais (ASPEJUDI/MG).

Outro vídeo explica a construção

Atualizada às 18h11

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