Desdobramentos

Vítimas de Mariana criticam oferta de acordo da Vale: 'Inaceitável'

Mineradora propôs o pagamento de R$ 90 bilhões no acordo para a repactuação das obrigações de reparação

Por O Tempo
Publicado em 29 de abril de 2024 | 20:03
 
 
 
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Após a Vale propor o pagamento no acordo para a repactuação das obrigações de reparação da tragédia da Samarco, em Mariana, as vítimas, que processam a mineradora e a BHP na Inglaterra, soltaram um comunicado criticando a oferta. Os atingidos alegam que o valor anunciado é, na verdade, “R$ 72 bilhões em dinheiro novo e não cobre a reparação integral dos danos causados pela lama tóxica”.

“É inaceitável que as mineradoras ainda se neguem a pagar indenizações justas. Os municípios sequer possuem o direito de conhecer os termos do que está sendo discutido. Seguimos confiantes de que a ação na Inglaterra vai fazer justiça aos milhares de afetados por esse desastre", afirmou o prefeito de Baixo Guandu, no Espírito Santo, Lastênio Cardoso, que considerou a oferta como “extremamente baixa " e "desrespeitosa ". 

Segundo o escritório Pogust Goodhead, que representa milhares de vítimas em Londres, o montante de R$ 127 bilhões anunciado pela Vale engloba valores já desembolsados ao longo dos mais de oito anos decorrentes da tragédia. 

“A oferta visa sanar as obrigações das empresas com as autoridades brasileiras, e não a reparação e compensação que as vítimas merecem. Embora o número anunciado seja de R$ 127 bilhões, apenas metade desse montante é dinheiro realmente novo a ser aplicado”, ressaltou Tom Goodhead, CEO do escritório. O advogado também destacou que os atingidos não foram ouvidos nas negociações no Brasil. 

Em outubro, está marcado para acontecer o julgamento de responsabilidade das mineradoras em Londres. Morador de Governador Valadares, na região do Rio Doce, Edertone José da Silva afirmou que a “esperança” dos atingidos está justamente no julgamento que vai acontecer na Inglaterra. “Ao longo desses mais de 8 anos de espera, essa é só mais uma das manobras das companhias para tentar nos enganar, essa atitude deles não é novidade para nós. Infelizmente nossa esperança não está mais no Brasil, e sim em Londres”.

A reportagem procurou a Vale e aguarda o posicionamento da empresa.

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