Uma piada que incomoda, um comentário sobre a roupa, o silêncio usado como punição, a insistência em saber onde e com quem se está. O que, à primeira vista, pode parecer ciúme, cuidado ou brincadeira, muitas vezes esconde tentativas de controlar, humilhar e isolar. Esses gestos, repetidos no cotidiano, são sinais que antecedem formas mais graves de violência e que, se não reconhecidos, tendem a se intensificar com o tempo.
Reconhecer que a violência vai além das marcas físicas é o foco da nova campanha do Governo de Minas: “A violência que os olhos não veem”, realizada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), por meio da Subsecretaria de Políticas para Mulheres (Subpdm).
A ação mira as formas de violência que ainda passam despercebidas pela sociedade, mas que ferem com a mesma gravidade, como a manipulação psicológica, o controle financeiro e ameaças no ambiente digital. “Nem toda violência deixa marcas visíveis, mas toda violência machuca” é a frase central da campanha, que convida a população a enxergar o que não está explícito, mas está presente na vida de milhares de mulheres todos os dias.
Panorama em Minas
Os números em Minas Gerais não deixam espaço para dúvidas sobre a urgência do tema. Somente em 2024, o estado registrou 153 mil casos de violência doméstica e familiar contra mulheres, uma média de 420 ocorrências por dia, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
No mesmo período, 161 mulheres foram assassinadas em crimes de feminicídio, e outras 248 sobreviveram a tentativas. Apesar de uma queda de 14% nos feminicídios consumados em relação a 2023, o aumento de 48% nas tentativas reforça que as agressões continuam presentes, e que a prevenção ainda precisa avançar muito.
Com foco na conscientização e na ampliação do acesso aos serviços públicos de acolhimento, a campanha será veiculada em equipamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), como unidades de saúde, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Atendimento Especializado (CREAS) e os Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CREAM).
A iniciativa reforça os canais de denúncia e acolhimento: o Disque 181 e o portal emergencia.mg.gov.br. A mensagem é clara: há suporte, há rede, e é possível sair da violência, mesmo quando ela não deixa hematomas visíveis.
De olho nos sinais
Nem toda violência estampa o corpo. Muitas vezes, ela silencia, desestrutura, isola. Geralmente está nos gritos abafados, nos controles disfarçados, no medo de pedir ajuda. Os sinais de violência podem começar de forma sutil e evoluir para situações graves.
Entre as condutas que indicam risco estão piadas ofensivas, chantagens, mentiras, ciúmes excessivos, tentativas de controlar ou proibir contatos e atividades, destruição de bens, ameaças, empurrões, agressões físicas e violência sexual.
Sobre a campanha
Com linguagem acessível, direta, e com apoio de cartazes, folders, vídeos e publicações digitais, todos os materiais serão distribuídos também às promotorias e municípios interessados.
A proposta é alcançar mulheres que usam os serviços públicos, mas também os profissionais da rede e a população em geral, mostrando que a violência de gênero não se limita à agressão física, e que reconhecer os sinais é o primeiro passo para romper o ciclo.
Para saber mais acesse: emergencia.mg.gov.br.
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