Crise

A uma semana do Dia dos Pais, restaurantes vivem clima de desânimo e incerteza

Donos de estabelecimentos ficaram frustrados com a decisão da Prefeitura de BH de não flexibilizar o setor da gastronomia; data será celebrada com locais vazios e pedidos por delivery

Por Bruno Mateus
Publicado em 01 de agosto de 2020 | 16:31
 
 
 
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Tradicionalmente, datas comemorativas como Dia das Mães ou Dia dos Pais costumam gerar um grande movimento em bares e restaurantes de Belo Horizonte. Há até quem prefira ficar em casa para evitar filas e horas de espera. Em 2020, por conta da pandemia do novo coronavírus, as pessoas não terão escolha. No próximo domingo (9), como os estabelecimentos, por enquanto, não têm podido receber público, o funcionamento por delivery passa a ser a única opção, mas está longe de agradar os proprietários, que esperavam mais um passo da Prefeitura rumo à reabertura. Entretanto, na sexta-feira (31), o executivo municipal anunciou em coletiva que as coisas continuam como estão. 

A empresária Simone Simão Baptista admite que tinha esperança de que a Prefeitura adotasse outra postura. “Achei muito autoritário, imaginei que fosse reabrir a partir de segunda-feira”, comenta. Neste sábado (1), faz exatamente um ano que ela administra um restaurante na avenida Abílio Machado, na região Noroeste da capital. O estabelecimento funciona em sistema delivery desde março, mas isso não impediu que a receita tivesse queda de 92%.

Para o Dia dos Pais, a perspectiva não é das melhores: “No Dia das Mães, que é a melhor data do ano, preparamos um cardápio especial e foi um fiasco. Agora, não estamos preparando nada especial por enquanto”.

Simone destaca que várias empresas da região já fecharam as portas durante a pandemia. Para ela, falta critério à Prefeitura. “Minha maior revolta é ver que falta protocolo. O comércio deve funcionar se tiver fiscalização de protocolo, não se está aberto ou fechado. As lojas continuam funcionando na clandestinidade, a avenida virou um camelódromo. Não dá para ficar tanto tempo nessa situação”, ela ressalta.

Encarregada operacional de um restaurante no Centro de BH, Tereza Francisca Santos comenta que, em 2019, o estabelecimento teve bastante movimento no Dia dos Pais. Para este ano, ainda que o funcionamento de segunda a sábado com entregas por delivery, a divulgação nas redes sociais e um cardápio pensado especialmente para a data ajudem a espantar o marasmo, a funcionária não tem muitas expectativas. “Infelizmente, o clima é de incerteza e desânimo”, ela diz.

Tereza afirma que ficou “muito frustrada” porque esperava mais um passo rumo à reabertura. “Tomando todos os cuidados, como já estamos fazendo, acho que essa decisão já poderia ter sido tomada”, ressalta. 

O garçom Gleison Reinaldo de Paula trabalha em um restaurante no bairro Anchieta, na região Centro-Sul. Ele conta que as vendas para o Dia das Mães foram ruins, mas melhoraram muito no Dia dos Namorados. Para o domingo dos pais, ele admite não saber o que esperar: “Infelizmente, vivemos nesse clima de total incerteza”. Reinaldo de Paula classificou a notícia da não reabertura como “muito ruim”. “Esperamos a flexibilização, mesmo que seja mínima. Estamos preparados para isso”, acrescenta.

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