O isolamento social, necessário ao combate do avanço do coronavírus, levou à paralisação de uma série de atividades econômicas e setores produtivos, deixando muitas pessoas sem renda e em dificuldade em Minas Gerais. Para muitas famílias, falta comida à mesa. Para as populações em situação de rua, a fome e a dificuldade de prevenção também são realidade. Mas são nesses tempos difíceis que a solidariedade mais se manifesta.

No Estado, vários projetos, movimentos e iniciativas sociais que já existiam antes da pandemia – ou foram que inspirados por ela – visam ajudar quem mais precisa neste momento. Contribuir pode ser mais fácil do que parece, e às vezes nem é preciso sair de casa.

Conheça ações que contam com apoio neste momento:

Espalhe Cestas

O projeto Espalhe Cestas distribui cestas básicas para comunidades e instituições em Belo Horizonte, na região metropolitana e também no interior do Estado. O movimento foi iniciado há cerca de um mês pela empreendedora Rachel Horta. Ela reuniu um grupo de amigos, abriu uma vaquinha virtual e passou a arrecadar dinheiro para a compra dos alimentos.

O objetivo inicial era arrecadar R$ 100 mil em 15 dias, mas a meta foi alcançada em apenas cinco dias de campanha, e hoje a soma ultrapassa R$ 500 mil. O grupo já distribuiu mais de 7.000 cestas básicas em mais de 90 locais, como periferias e creches e nas ruas.

“Nós somos 20 voluntários, divididos em círculos de atuação. Temos um fornecedor que entrega as cestas a um preço bacana e contamos com o apoio de lideranças comunitárias para a distribuição dos produtos”, conta Rachel. Além de cesta básica, o projeto doa itens de limpeza e livros.

 A vaquinha vai até o dia 30 de abril. Depois dessa data, o grupo vai repensar como pode continuar a ajudar quem mais precisa. "A gente está em um momento em que, mais do que nunca, precisamos parar de trabalhar no campo de ideias e começar a agir. Se cada um tiver a preocupação de ajudar uma, duas ou três pessoas, vamos sair mais fortalecidos dessa crise”, diz Rachel.

O Espalhe Cestas recebe doações a partir de R$ 20. Para ajudar, acesse evoe.cc/espalhe-cestas.

Rede Solidária BH

A Rede Solidária BH foi criada há mais de dois anos, com o objetivo de ajudar na gestão de projetos sociais da cidade. A idealizadora Dai Dias presta consultoria gratuita às iniciativas para fortalecer as ações e os impactos de cada uma. Desde o início da pandemia, o grupo iniciou um movimento de conexão de vários desses projetos com a intenção de atender a população de rua da capital e comunidades mais vulneráveis.

O grupo distribui marmitas a pessoas em situação de rua aos finais de semana. Em um mês, mais de 20 mil unidades foram entregues, de acordo com o coordenador da Rede Solidária BH, Stephanio Gomes. A comida é preparada por voluntários em um espaço cedido pela Prefeitura de Belo Horizonte.

Além disso, a rede distribui cerca de 400 cestas básicas por semana em comunidades como Morro do Papagaio, Pedreira Prado Lopes e Taquaril. Os alimentos são comprados de comércios locais. “Nós entendemos que o melhor a ser feito neste momento é a união. Hoje, temos uma demanda muito grande e estamos conseguindo atender muita gente”, diz Gomes.

A Rede Solidária arrecada doações de cestas básicas, alimentos, fraldas e dinheiro. Para ajudar, entre em contato pelo Instagram @redesolidaria ou pelo telefone (31) 98706-7726.

Um Milhão de Máscaras

O projeto, realizado por empresários do setor de moda de Belo Horizonte e outras cidades mineiras em parceria com professoras da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), produz e distribui máscaras para hospitais, comunidades carentes e instituições, como asilos.

“Nós nos unimos para produzir o maior número possível de máscaras e, desde o início, decidimos colocar uma meta bem desafiadora, de 1 milhão de unidades”, explica o empresário Pedro Rabelo, dono da empresa de confecção Claudia Rabelo e um dos coordenadores do movimento.

Como a produção de moda praticamente parou neste período e muitas costureiras dependem do trabalho, o projeto também é uma forma de garantir renda para essas profissionais. Algumas das cerca de 40 marcas que participam da iniciativa não têm fábrica própria e terceirizaram a produção das máscaras para costureiras autônomas, que estão sendo remuneradas.

Cerca de 60 mil máscaras já foram produzidas, e outras 190 mil estão em processo de produção. Quem quiser ajudar pode doar dinheiro, utilizado para o pagamento das costureiras e também para a compra de materiais, ou tecidos e elásticos para a confecção das máscaras.

Para ajudar, acesse evoe.cc/um-milhao-de-mascaras ou entregue materiais no campus da UEMG da praça da Liberdade, das 9h às 13h.

Pandemia do Bem

O projeto Pandemia do Bem nasceu da inquietação de uma família sobre como estariam os belo-horizontinos que vivem em vulnerabilidade social. A fome, a tristeza e a solidão enfrentadas por moradores de rua em tempos de Covid-19 desencadearam a ideia de comprar lanches e distribuí-los na capital. Primeiramente, foram 50 unidades. Na semana seguinte, outros 150 kits foram entregues.

A família agora quer se juntar a outros amigos e voluntários com o objetivo de multiplicar ações positivas para ajudar a população de rua. Para isso, precisa de apoio financeiro. Colaborações são recebidas por transferência bancária ou geração de boleto. É possível fazer contato e obter mais informações sobre o projeto no Instagram @pandemiadobem_.

Grupo Iluminata

Criado há cerca de 20 anos, o grupo arrecada roupas, comida e cestas básicas e distribui para moradores de rua e pessoas em situação de vulnerabilidade. Os voluntários costumavam fazer o trabalho uma vez por mês nas ruas, mas, desde o início da pandemia, as ações foram intensificadas.

“A gente estava com medo de o trabalho parar, mas, na verdade, está crescendo. As pessoas estão tendo mais empatia umas com as outras, observando o que os outros precisam, estão mais solidárias”, diz uma das criadoras do projeto, Kênia Avany. Segundo ela, o grupo conseguiu montar quase 80 cestas básicas neste mês.

O trabalho está focado em moradores de rua, moradores de comunidades e trabalhadores autônomos que perderam a renda por causa do coronavírus. O grupo também criou um varal solidário de roupas no bairro Padre Eustáquio.

O Grupo Iluminata recebe doações de roupas alimentos e dinheiro. Para ajudar, visite www.grupoiluminatailuminata.com.br ou entre em contato pelo Instagram @grupoiluminata ou pelo telefone (31) 99135-9544.

Rede Solidária do MLB

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) iniciou uma campanha para ajudar moradores de ocupações, vilas e favelas de Belo Horizonte e da região metropolitana com cestas básicas e itens de limpeza e higiene pessoal.

“As pessoas estavam com muita dificuldade de cumprir a quarentena porque muitas são autônomas, vivem de bico, e passaram se questionar como iriam comer”, conta Poliana Souza, da coordenação nacional do MLB. “Outro problema é que as recomendações de usar álcool em gel e lavar as mãos são, para muitas pessoas, quase impossíveis, porque elas não têm acesso a esses produtos”, completa.

O MLB fez um cadastro e contabilizou 5.000 famílias que precisam de ajuda, mas o número de pessoas com necessidades é crescente. Elas vivem em comunidades, como Morro das Pedras e Vila Pinho, e ocupações, como Paulo Freire e as do Izidora. Até o momento, foi possível atender 3.000 famílias.

A meta é arrecadar R$ 100 mil por mês para a compra dos produtos e para ajudar as famílias na manutenção do gás de cozinha. Para ajudar, acesse www.vakinha.com.br/vaquinha/rede-solidaria-do-mlb. As doações também podem ser entregues na Creche Tia Carminha (avenida Perimetral 169, Barreiro) ou na ocupação Carolina Maria de Jesus (rua Rio de janeiro, 109, centro).

Hospital da Baleia

Desde que as cirurgias eletivas foram suspensas para o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o Hospital da Baleia perdeu cerca de 70% da renda, uma vez que a instituição recebe do Sistema Único de Saúde (SUS) por produção. Em torno de 30% do faturamento do hospital vem de doações.

Neste momento de crise, o Baleia conta com arrecadações para comprar equipamentos de proteção individual (EPI) para profissionais de saúde e aparelhos e para dar conta da folha de pagamento.

“Os EPIs são utilizados normalmente, mas, agora, com consumo escalonado, dez vezes maior do que o normal. Em janeiro, comprávamos máscara cirúrgica por R$ 0,10, e esse valor chegou a alcançar R$ 3,80 durante a pandemia”, conta a gerente de mobilização e recursos do Hospital da Baleia, Danielle Ferreira.

“Somos um hospital com 180 leitos de capacidade instalada e temos menos de 30 respiradores. Graças a Deus, a curva foi achatada e estamos ganhando tempo para nos equiparmos. Nossa expectativa é reservar 104 leitos para Covid-19 e precisaríamos ter pelo menos 40 a 50 respiradores”, completa. Segundo ela, esses equipamentos custavam até R$ 60 mil e, agora, são encontrados por R$ 360 mil.

Para ajudar com qualquer valor, acesse www.hospitaldabaleia.org.br/doar-agora/. Também é possível se cadastrar pelo telefone 08007077858 para doar por meio de contas de consumo. Para contribuir com máscaras, equipamentos, cestas básicas ou outros materiais, entre em contato por meio do e-mail rededeamigos@hospitaldabaleia.org.br.

União Minas

O movimento busca apoiar estudantes em situação de extrema pobreza de Minas Gerais por meio da transferência de renda para alimentação.

“A gente procurou o governo do Estado, que está transferindo R$ 50 para crianças sem merenda, mas ainda é pouco. Vamos tentar complementar isso para crianças em extrema pobreza, queremos que as famílias recebam pelo menos R$ 100”, afirma a empreendedora Laiz Soares, uma das coordenadoras da União Minas.

Segundo ela, a meta é atender 50 mil crianças e, para isso, seria necessário arrecadar R$ 7,5 milhões. “Estamos fazendo reuniões com grandes empresários. É muito dinheiro, mas estamos otimistas. As pessoas estão passando fome”, diz.

O movimento tem apoio da Comunitas, uma organização especializada em parcerias público-privadas. A ideia é que o valor arrecadado seja transferido diretamente para as famílias, por meio de uma ferramenta digital a ser definida pelo governo.

Para ajudar com qualquer valor, acesse app.incentiv.me/uniaomg.

Cruz Vermelha

A Cruz Vermelha em Minas Gerais vai distribuir alimentos e itens de limpeza e higiene pessoal para populações mais vulneráveis de vários municípios do Estado.

“É feito um estudo prévio para entender as cidades e onde estão as pessoas, e depois fazemos as entregas”, explica o diretor de projetos e captações da Cruz Vermelha em Minas, Bernardo Eliazar.

Para evitar aglomerações de pessoas, a Cruz Vermelha pede que as doações de cestas básicas sejam compradas e entregues por fornecedores na sede da instituição (avenida Ezequiel Dias, 427, Santa Efigênia).

Entrega de marmitex e kis de higiene pessoal

O restaurante Kanpai e a ONG Vingadores do Bem estão entregando marmitas e itens de higiene pessoal, como sabonete e pasta de dente, para moradores de rua de Belo Horizonte.

A equipe do restaurante, que agora trabalha apenas com delivery por causa da pandemia, prepara a comida, e os voluntários da ONG fazem a distribuição. Cerca de 500 marmitas estão sendo entregues todas as semanas, há mais de um mês.

“Com a chegada da pandemia, nós reunimos a equipe e começamos a pensar em ações pra lidar com situação. As marmitas são distribuídas principalmente na região central da cidade”, diz um dos sócios do restaurante, Lucas Oliveira. A meta é distribuir 3.000 marmitas por mês. “Mesmo depois que a pandemia acabar, a gente pretende continuar. É um trabalho muito gratificante”, afirma.

As doações de alimentos e kits de higiene pessoais podem ser feitas no restaurante (rua Pium-Í, 1122, Cruzeiro), das 10h às 23h. Para doações de dinheiro, ligue para (31) 99396-5855.

Hospitais da UFMG

A Universidade Federal de Minas Gerais mantém uma campanha de financiamento coletivo com o objetivo de arrecadar recursos para a aquisição de medicamentos, insumos, equipamentos e serviços para o enfrentamento ao coronavírus no Hospital das Clínicas, no Risoleta Neves e na UPA Centro-Sul, todos em Belo Horizonte.

Com o aumento de atendimentos a casos da doença, esses locais registraram queda expressiva nos estoques e na capacidade de assistência. A meta é arrecadar R$ 6 milhões.

Para contribuir, acesse www.colaborehospitaisufmg.com/doacoes.