Bastaram poucos meses para que o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BH e Região Metropolitana (Sindhorb) fosse da comemoração pelo crescimento dos números à lamentação pela redução drástica da taxa de ocupação em virtude do coronavírus. Em novembro, a média de ocupação dos hotéis da capital chegou a ser de 70%, segundo a entidade, com aumento entre 7% e 10% na comparação com os dois anos anteriores.
O temor pela contaminação da Covid-19 fez com que a capital mineira, conhecida pelo turismo de negócios, sofresse com a queda na taxa de ocupação. A redução foi de 80%, segundo o Sindhorb. Uma oportunidade que poderia surgir para o setor seria aproveitar os leitos vazios e transformá-los em unidades de atendimento para dar suporte ao setor de saúde durante a pandemia do coronavírus.
Apesar do potencial de ampliação do número de leitos por meio dos hotéis, tal possibilidade não é considerada pelos órgãos públicos em um primeiro momento. A Secretaria Municipal de Saúde informa que mantém leitos de retaguarda para pacientes que necessitarem de internação na Santa Casa e no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro. Além disso, foi feita parceria com a Oncomed, e a instituição vai destinar leitos para atendimento da população.
"Conforme previsto no Plano de Contingência, já foram abertos novos serviços, de forma a ampliar o acesso da população. São dois Centros Especializados em Doenças Respiratórias, um na região Centro-Sul e outro em Venda Nova. Militares do Exército estão dando apoio administrativo nesses locais. Na próxima semana está prevista a abertura de mais um centro especializado. Nas UPAs foram instaladas tendas, para ampliar as recepções", informa a prefeitura.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informa que estuda todas as possibilidades viáveis para a abertura de leitos nos municípios mineiros, sempre em parceria com o Ministério da Saúde. "As situações relacionadas ao Covid-19 são dinâmicas, e diversos fatores são levados em consideração. No momento oportuno, as definições serão comunicadas à sociedade", informa a entidade.
Na última terça-feira, o governo divulgou a criação de um hospital de campanha com 800 leitos no Expominas, na capital. Além disso, outros leitos serão ampliados em hospitais no interior. A Polícia Militar já começou a contatar prefeituras para ter um panorama de onde podem ser erguidos hospitais de campanha ou ampliados leitos em unidades já existentes. Uberlândia, Juiz de Fora, Barbacena e Divinópolis são municípios que apresentam potencial, segundo a secretaria estadual.
Setor hoteleiro teria que passar por transformações
Um dificultador para que os hotéis virassem hospitais de campanha seria a estrutura para a qual foram montados. "Os hotéis não foram projetados para isso, e seria necessária uma adaptação para atender à demanda, em relação a carpete, divisão de andares e tamanhos de apartamentos. Alguns estudos apontam que, para recolocar o produto com a higienização correta para hóspedes, o tempo necessário seria de aproximadamente um ano. É preciso se pensar e colocar no papel se vale a pena. Claro que queremos ajudar, nos comovemos com a atual situação. Mas, em termos de empreendimento financeiro, de investimento, é algo complicado", comenta Guilherme Sanson, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Minas Gerais (ABIH-MG).
Apesar de lamentar a brusca queda de ocupação, de apenas 12%, ele sabe como a situação poderá ficar ainda mais complicada depois que o surto da doença passar. "Acredito que o governo poderia pleitear essa ajuda, mas também colaborar financeiramente não só na sustentabilidade do negócio, mas na parte técnica, no que se refere à higienização, para deixar os apartamentos aptos para hóspedes e funcionários novamente. Os hotéis teriam que ser adaptados para sua reutilização de acordo com o projeto inicial", reforça.
Sanson afirma que tem reuniões periódicas com representantes da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Setur) para falar sobre a questão hoteleira. A ideia dos hospitais de campanha em hotéis chegou a ser comentada nos encontros. No entanto, a ação não teve avanço em virtude das dificuldades apontadas. "A demanda está baixa e segue caindo. Pode até ser que esta discussão avance e, até por isso, já pesquisei sobre o assunto por meio de estudos. É importante entender a necessidade financeira dos hotéis, que estão fechando por inviabilidade de manutenção. Os empreendimentos estão tendo somente custos, sem entrada de receita", aponta.
Deputado sugere aproveitar hotel fechado recentemente
Nos últimos dias, o deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT) sugeriu ao governo de Minas que fizesse uma requisição administrativa para usar o prédio do antigo hotel Othon Palace, no centro de Belo Horizonte, como unidade hospitalar, em caso de aumento no número de pacientes com o coronavírus. O prédio da avenida Afonso Pena foi desativado no final de 2018 e conta com 296 quartos em 29 andares. A reportagem fez contato com o deputado, que informou que não recebeu nenhum retorno sobre sua sugestão.
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