O Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês) anunciou que começará a testar um novo tipo de tratamento para a Covid-19, com o uso combinado do antiviral remdesivir e do anti-inflamatório baricitinibe.

Segundo o Niaid, mais de 1.000 pacientes do novo coronavírus em 100 hospitais dos Estados Unidos devem participar dos primeiros testes clínicos da chamada Tentativa de Tratamento Adaptativo Covid-19 (ACTT, em inglês), que teve início em 21 de fevereiro com a utilização isolada do remdesevir em 1.063 pacientes recrutados em 47 hospitais norte-americanos e 21 fora dos EUA.

Como já noticiado antes, o tempo de hospitalização dos pacientes graves da Covid-19 tratados com remdesevir caiu de 15 para 11 dias, em relação aos que receberam apenas um placebo (remédio com ingredientes inativos e que não produz efeitos no organismo). Além disso, a taxa de mortalidade foi menor nos que foram tratados com o remdesevir.

Remédio para artrite

Já o baricitinibe é um produto licenciado para do laboratório Lilly comercializado sob a marca Olumiant. Ele é aprovado nos EUA e em mais de 65 países, incluindo o Brasil, e é usado para o tratamento em adultos com artrite reumatóide moderada a severamente ativa. 

Tomado por via oral, o medicamento inibe a sinalização de citocinas no organismo que desempenha um papel na causa de respostas inflamatórias. "O benefício do baricitinibe para a Covid-19 já  foi descrito em uma série de casos de pacientes críticos que se recuperaram da doença", informou o Niaid.

Metodologia dos novos testes

Os novos testes clínicos com o uso combinado do remdesevir e do baricitinibe adotará a metodologia conhecida como duplo-cego, ou seja, nem os pesquisadores, nem os pacientes da Covid-19 participantes, sabem quem está recebendo qual regime de tratamento (placebo ou as duas drogas combinadas). 

O remdesivir será administrado como uma dose intravenosa de 200 mg, seguida de uma dose intravenosa de 100 mg uma vez ao dia, durante o período de hospitalização, até completar dez dias de tratamento. 

Já o baricitinibe será administrado como uma dose oral de 4 mg (ou triturada e administrada por sonda, se necessário) por até 14 dias de hospitalização.

Tempo de recuperação

A intenção é investigar se o tempo de recuperação será mais curto ainda do que os 11 dias apresentados com o tratamento feito apenas com o remdesevir.

"A recuperação é definida como o participante estar bem o suficiente para a alta hospitalar, o que significa que o participante não precisa mais de oxigênio suplementar ou atendimento médico contínuo no hospital ou não é mais hospitalizado", explica o instituto norte-americano. A previsão é que os primeiros resultados sejam divulgados dentro de um mês.

Remdesevir no Brasil

Ontem, durante coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que o governo já iniciou estudos para recomendar oficialmente o uso do remdesevir como terapia alternativa no tratamento de casos graves da Covid-19 no Brasil, tal como foi feito primeiramente pelos Estados Unidos.