O avanço acelerado pandemia da Covid-19 em Belo Horizonte levou a um aumento nos atendimentos em centros de saúde e à consequente sobrecarga aos profissionais da área na capital. Somado a esse fator, o afastamento de profissionais por motivos de saúde - tanto por contaminação pelo o novo coronavírus quanto por esgotamento mental - tem criado um cenário crítico no sistema da cidade, segundo o Conselho Municipal de Saúde (CMS-BH).
O médico Bruno Pedralva, membro do CMS, citou o episódio ocorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Barreiro nesse domingo (28). Segundo relatos dele e do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), seis pacientes no local precisaram de respiradores, mas não foram atendidos por falta de vagas de terapia intensiva. "O que aconteceu foi um colapso que felizmente foi controlado, mas é uma situação inadimissível", declara Pedralva.
O Sindibel relatou que a UPA Barreiro tem apenas dois respiradores, que estavam sendo usados por outros pacientes. O enfermeiro Hurdley Ruella, do Sindibel, afirmou que a falta de trabalhadores de enfermagem foi um agravantes para a situação no Barreiro. O Conselho Regional de Enfermagem (Coren) foi chamado para vistoriar a situação no local e a solicitação do enfermeiro foi de que o mesmo fosse feito em todas as unidades, visto que os números de atendimentos subiram muito. "Nós precisamos ter o número de profissionais adequado para que possam prestar atendimento de qualidade para os usuários", defendeu em um vídeo.
A taxa de ocupação de leitos de enfermaria específicos para Covid-19 chegou pela primeira vez ao nível vermelho de alerta nesta segunda-feira (29). Com 71% dos leitos ocupados, o índice é o segundo critério no nível máximo de atenção. Dos leitos públicos de UTI destinados ao tratamento da doença, 87% estão ocupados.
De acordo com Bruno, outras situações de sobrecarga no sistema tem se multiplicado no último mês. Um centro de saúde, conforme o relato, chegou a ficar aberto até as primeiras horas da madrugada porque havia um paciente com quadro instável e não havia uma vaga de terapia intensiva para a qual transferi-lo. "O próprio Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] está sobrecarregado, neste caso do Centro de Saúde, não havia transporte para o paciente", afirma.
Em uma nota publicada nesta segunda-feira (24), o Sindibel reivindica o incremento no número de profissionais atuando no sistema de saúde, o fortalecimento das medidas de isolamento, o aumento no número de leitos e a requisição de recursos assistenciais particulares sempre que necessário, como leitos de terapia intensiva.
Questionada a respeito das reivindicações do sindicato, a prefeitura informou que se mantém em constante diálogo. Já a respeito da contratação de profissionais, a administração municipal ainda não se manifestou.