Para evitar um colapso do sistema, a Secretaria de Saúde do Espírito Santo publicou portaria no Diário Oficial do Estado informando que irá comprar leitos de hospitais particulares para tratamento do novo coronavírus. Na Grande Vitória, serão 80 leitos de UTIs e 262 de enfermaria comprados de três hospitais particulares.
Procurada, a pasta não informou os valores nem se já há pessoas internadas nos leitos comprados.
O "Estadão" apurou que os leitos estarão reservados para o Sistema Único de Saúde (SUS) e atenderão exclusivamente pacientes com casos confirmados e suspeitos de Covid-19. Ou seja, não podem ser utilizados pelos hospitais para internação de pessoas com plano de saúde, por exemplo.
Cada leito de UTI reservado vai custar em torno de R$ 1.500. Quando for utilizado, será acrescido do valor de R$ 1.600, por dia, totalizando R$ 3.100. “Esses contratos irão garantir que esses leitos sejam exclusivos e estejam disponíveis para o atendimento ao SUS, e serão disponibilizados para utilização via Central de Regulação”, afirmou o subsecretário de Estado para Assuntos de Regulação e Organização da Atenção à Saúde, Gleikson Barbosa.
O "Estado" procurou os três hospitais para saber se os leitos já estão disponíveis ou se ainda serão montados para vendê-los ao Governo do Estado, mas não obteve resposta.
Segundo a infectologista Filomena Alencar, a compra de leitos privados faz parte da rotina do SUS. “(O SUS) sempre comprou leitos de hospitais privados. A vantagem é não ter que construir toda a estrutura necessária ao funcionamento de uma UTI”, explicou.
Em todo o Estado, a Sesa prevê a compra 452 leitos, sendo 283 de enfermaria e 169 de UTI. Até julho, a expectativa é expandir o atendimento específico para a Covid-19 para 653 leitos de UTI e 667 de enfermaria, entre público e privado. Apesar deste planejamento, a infectologista alerta que, se o crescimento da doença continuar como está, os leitos podem ser insuficientes.
“Se abrir o comércio e as pessoas relaxarem, o isolamento social nas próximas semanas pode ter problema. Não podemos descartar inicialmente que não venhamos a ter dificuldades de termos leitos de UTI”, reconheceu a especialista.
Durante a semana, o governador Renato Casagrande (PSB) disse em pronunciamento pela internet que pode reabrir o comércio na Grande Vitória a partir de 4 de maio.
São 2.538 casos confirmados da doença em todo o Estado - aumento recorde de 374 nas últimas 24 horas. A Região Metropolitana de Vitória concentra 86,1% (2.187) dos casos.
Dos 156 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) exclusivos para a Covid-19 disponíveis na Grande Vitória, 130 estão ocupados. A taxa de ocupação é de 83,3%. Somando leitos de UTI e enfermaria, há 331 leitos, sendo 200 ocupados.