Hortas caseiras viram moda na quarentena; Plantio reduz idas ao mercado

Com a necessidade de reduzir as saídas de casa em tempos de pandemia mundial do novo coronavírus, o cultivo de hortaliças em pequenos espaços tem se tornado uma maneira eficaz de reduzir as idas ao mercado. A prática, mais comum em cidades do interior ou em casas com grandes jardins, também tem ajudado a reduzir o tédio de quem precisa ficar em isolamento.

A cobertura do apartamento da consultora em mobilização Patricia Nogueira Ferreira, 45, tornou-se um espaço de lazer para ela e os pais, que já são idosos, além de garantir afazeres diários para a família. “Meus pais moram no primeiro andar e são mais velhos. Como não podem sair nem manter muito contato comigo, a gente se reveza nos cuidados com a horta. É uma forma que eles encontraram de passar o tempo”, conta.

Localizada no bairro Riacho, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, a cobertura teve o piso impermeabilizado para receber os canteiros. “Minha horta é só para consumo próprio. Já cultivo mandioca, batata-doce, ervas medicinais, laranja, abacaxi e morango, além de algumas suculentas”, afirma.

Foi no início da pandemia que o consultor André Jeha, 42, e outros moradores do prédio onde ele mora, no bairro Buritis, região Oeste de Belo Horizonte, começaram a colher os primeiros frutos do pomar e da horta construídos em uma área comum do edifício. “Tudo começou com uma ideia durante uma reunião de condomínio. Agora, na época da quarentena, ajudou muito. Tivemos muita chuva, então, fazemos feira toda semana”, revela. “Na horta, a gente planta alface, cebolinha, pimenta, pimentão, couve, rúcula, salsinha, hortelã e alecrim e no pomar temos pés de limão, mexerica, laranja, acerola, abacate, jabuticaba e amora. Aqui em casa tem limonada todo dia”, brinca.

Apesar de não haver uma obrigatoriedade dos condôminos de cuidar da plantação, visitar o espaço é um hábito de todos. “Temos um jardineiro, mas a gente também cuida. Todos olham, cuidam e colhem. É gostoso e terapêutico”, diz.

Na roça, produção vira moeda de troca

A poucos quilômetros de distância de Belo Horizonte, o comunicólogo Leonardo Rube, 45, tem vivido o isolamento social em um sítio localizado na zona rural de Caeté, na região metropolitana. No local, onde tem passado os dias com a mulher, os filhos, as cunhadas e os sogros, viver no campo deixou de ser um hobby de fim de semana e passou a ser rotina.

“Tive a sorte de vir para a zona rural e poder plantar algumas coisas. Acredito que a situação possa ficar complicada e termos uma crise no abastecimento”, disse. Além de cultivar para a família, Rube também tem feito negócios com vizinhos.

“Além de uma pequena horta, temos também plantação de milho, e estou com projeto de fazer um galinheiro. Aqui temos essa facilidade e sempre temos algo para trocar com vizinhos”, garante o novo agricultor. 

Curso online ensina como plantar dentro de casa

Seja em pequenos vasos na cozinha ou jardineiras na varanda, ter uma horta para chamar de sua está cada vez mais possível. “Você pode começar sua pequena horta com itens bem simples, como pequenos vasos, pneus, canos ou até em garrafas PET”, é o que afirma o chefe geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Hortaliças, Warley Nascimento.

A empresa, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que oferece cursos presenciais, resolveu, durante a pandemia de Covid-19, ministrar o curso “Hortas em pequenos espaços” de forma online. “A primeira turma já está fechada, e foram mais de 8.000 inscritos. Serão 12 horas de aula, mas as pessoas terão 30 dias para aprender a semear, cuidar do solo, combater pragas, aguar, entre outras”, explica.

A próxima turma será aberta no início de maio. As inscrições, que são gratuitas, poderão ser feitas pelo site www.embrapa.br.