Os shopping centers mineiros perderam 10 mil empregos diretos e registraram 70% de queda nas vendas neste ano em função da pandemia de Covid-19, segundo a Associação de Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (Aloshopping). Diante desse cenário de prejuízos, os lojistas pedem socorro aos administradores dos centros de compras para que adotem medidas que evitem o aumento das falências e do desemprego no setor. O apelo veio por meio de uma carta aberta divulgada na manhã dessa quinta-feira (14) pela Aloshopping endereçada à Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

A entidade que representa os comerciantes pede que os custos com aluguel, condomínio e fundo de promoção não passem de 8% do total das vendas; a suspensão de IPTU em cidades que prevejam essa possibilidade em decreto; a suspensão de cobrança do estacionamento de clientes e funcionários; a abertura de uma linha de crédito pelos shoppings para os comerciantes arcarem com custos; e a análise de aspirantes a lojistas para avaliar a viabilidade do negócio e garantir sua sustentabilidade.

A Abrasce informou em comunicado que busca soluções para a manutenção dos mais de 3 milhões de empregos de setor, por meio do diálogo constante com empreendedores, lojistas e as três esferas do governo. 

O superintendente da Aloshoping, Alexandre França, disse que espera diálogo entre lojistas e administradores dos empreendimentos para a redução dos impactos da crise e fez uma análise da situação enfrentada pelos comerciantes. "A preocupação nossa é que os lojistas não vão à falência. Pelas reuniões, pela conversa, nós não temos mais capital de giro, o financiamento público não está chegando na ponta. É um momento muito complicado. Sempre teve uma bolha nesse mercado, o aluguel sempre foi muito alto mesmo com as vendas boas. Agora, ou sentamos juntos, ou vai ter uma falência altíssima", explica.

Alexandre garante que, quando os shoppings voltarem a funcionar, os comerciantes vão seguir medidas para evitar a proliferação do coronavírus. "O protocolo já está pronto, todo definido, com a participação de especialistas na área de saúde. Vamos aferir a temperatura, controlar o número de clientes que vão entrar nas lojas, a praça de alimentação vai estar com as mesas espaçadas, seguindo a sugestão de profissionais da saúde", afirma.

O protocolo a ser seguido pelos comerciantes que têm estabelecimentos no interior dos shoppings centers é o mesmo elaborado pelo Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindlojas), que traça diretrizes para os estabelecimentos de rua. 

Uma das preocupações de quem trabalha no setor é a mudança do perfil dos consumidores, que tiveram a renda comprometida pela crise causada pela Covid-19. O consultor em varejo Ricardo Pollack projeta o panorama encontrado pelos vendedores quando reabrirem as portas. "Quais clientes vamos encontrar? O assalariado que teve redução de jornada ou contrato suspenso; o autônomo que ganhou durante determinado período R$ 600 por mês; o profissional liberar que ficou muito tempo sem gerar nenhum tipo de receita; e aquela pessoal que não teve redução de salário, mas está com medo de perder o emprego. Ou seja, o poder de compra vai cair drasticamente", prevê.

Em 2019, os shoppings centers acumularam R$ 192,8 bilhões e geraram 1, 1 milhão de empregos, segundo dados da Abrasce.