A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alertou nesta terça-feira (5) sobre o crescente número de casos de coronavírus que afetam o Brasil, principalmente São Paulo e Manaus, que concentram os maiores números na América do Sul.
A organização destacou que há uma preocupação crescente com o aumento de casos em cidades menores, onde a capacidade hospitalar é limitada e recomendou que os países-membros elevem a sua capacidade de testes para identificar os casos de coronavírus e que sejam cautelosos ao adotar quaisquer medidas para flexibilizar as restrições à circulação de pessoas. Até 4 de maio, a região das Américas tinha 1,4 milhão casos confirmados e 80 mil mortes.
A organização rastreia e analisa dados dos países sobre a Covid-19, acompanha novos casos e mortes, número de leitos ocupados entre outros indicadores. Esse levantamento mostra que nos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Equador, Peru, Chile e México, os casos confirmados tem dobrado em quatro dias ou menos.
Carissa Etienne, diretora geral da OPAS, braço da Organização Mundial da Saúde nas Américas, enfatizou que a pandemia vem evoluindo na região. Ela afirmou que há um crescente debate sobre quando os países podem começar a reabrir, flexibilizar o distanciamento social e retomar suas atividades, entretanto, alertou sobre as dificuldades enfrentadas por diferentes países e como os governos podem usar essas tendências para avaliar se mudanças nas políticas devem ser feitas.
“Devemos usar o que aprendemos e os dados que reunimos para fazer escolhas inteligentes que impactarão as próximas fases da pandemia”, ressaltou.
Na América do Sul, sete em cada dez países estão enfrentando transmissão comunitária. A organização explica que há variações importantes nas taxas de transmissão e como elas foram impactadas pelas medidas de controle implementadas desde o início.
O vice-diretor da Opas, Jarbas Barbosa, afirmou que a taxa de mortalidade na América Latina é subestimada. “Resultado de testagens insuficientes e casos não registrados”, pontuou.
Questionado sobre o melhor período para a reabertura social e econômica dos países da região, ele explicou que medidas de flexibilização só devem ser discutidas quando os países forem capazes de controlar a taxa transmissão da doença.
“Somente quando indicadores como a taxa de transmissão, número de mortes e número de novos casos forem efetivamente monitorados e indicarem uma redução da doença e das ocupações hospitalares, poderão ser discutidas medidas de flexibilização. Um plano de reabertura deve ser cuidadosamente elaborado, etapa por etapa, para que não haja uma nova onda de contágios”, disse, enfatizando que o mais importante é ter controle sobre a transmissão. "O que aprendemos e os dados que reunimos para fazer escolhas inteligentes que impactarão as próximas fases da pandemia”, ressaltou.