A rede de saúde de Belo Horizonte pode ser complementada por leitos da rede privada. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) nesta terça-feira (30), que ressaltou que o processo de incorporação de novos leitos está em negociação. O prefeito Alexandre Kalil (PSD) citou a negociação durante uma entrevista à Rádio Itatiaia. 

As taxas de ocupação tanto de leitos de terapia intensiva quanto de leitos clínicos estão entre as maiores preocupações da PBH com a Covid-19 neste momento. Segundo o boletim assistencial publicado pela administração municipal nesta terça, 87% dos leitos de UTI e 71% dos clínicos estão ocupados. Os dados indicam as taxas registradas nessa segunda-feira (29), que se mantêm como o que foi anotado no domingo (28), dia em que a capital chegou a dois critérios de vigilância em nível de alerta e passou a cumprir o requisito para o decreto de lockdown.

A situação levou o Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS) a convocar uma reunião com representantes de hospitais privados na tarde desta terça para discutir a possibilidade de cessão das vagas assistenciais.

Segundo o secretário geral do conselho, Bruno Pedralva, a prefeitura não enviou representantes e justificou que precisaria se informar juridicamente sobre a possibilidade. Com a ausência do poder público, os representantes do setor privado também não compareceram. A reunião, no entanto, foi bastante produtiva no entendimento do conselho e contou com a presença da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas).

"Está na Constituição que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Nosso plano 'A' é a ampliação dos leitos nos hospitais públicos, mas se alguém precisar de CTI e não tiver vaga nos hospitais públicos, nós vamos ocupar os leitos privados. É uma questão de justiça social, não é possível que alguém perca a vida tendo leitos disponíveis, sejam eles no SUS ou na iniciativa privada. Se nós estamos em guerra, todas as nossas armas têm que ser oferecidas a toda população independente da pessoa ter plano de saúde ou não", defendeu Pedralva.

Uma nova reunião está marcada para a semana que vem com o secretário de Saúde, Jackson Machado, que, segundo Pedralva, se comprometeu a comparecer.

O uso de leitos privados também tem sido reivindicação do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), que, em uma nota publicada nesta segunda-feira (29), o Sindibel reivindicou ainda o incremento no número de profissionais atuando no sistema de saúde e o fortalecimento das medidas de isolamento na capital.