Pesquisadores da Universidade de Utrecht, na Holanda, divulgaram nesta segunda-feira (4) terem identificado o primeiro anticorpo monoclonal, totalmente humano, capaz de impedir que o vírus SARS-CoV-2 (o novo coronavírus) infecte as células.

Publicada na edição online da revista Nature Communications, a descoberta surge como o primeiro passo para o desenvolvimento de um tratamento eficaz seja para tratar ou para prevenir a Covid-19, que já infectou mais de 3,3 milhões no mundo com mais de 235 mil mortes.

"Esta pesquisa baseia-se no trabalho que nossos grupos fizeram no passado em anticorpos direcionados ao vírus da gripe Sars, que surgiu em 2002 e 2003", afirmou Berend-Jan Bosch, professor e líder de pesquisa da Universidade de Utrecht.

De acordo com Bosch, o anticorpo identificado como 47D11 foi extraído de uma coleção de anticorpos que também neutralizam a Sars em culturas de células in vitro. "Esse anticorpo tem potencial para alterar o curso da infecção no hospedeiro infectado, apoiar a eliminação do vírus ou proteger um indivíduo não infectado que é exposto ao vírus”, explicou o professor.

Potencial tratamento

Segundo os pesquisadores europeus, por ser totalmente humano, o anticorpo que neutraliza a Covid-19 permite que o desenvolvimento do estudo seja mais ágil já que o potencial de efeitos colaterais relacionados ao sistema imunológico é reduzido. 

Os anticorpos terapêuticos convencionais são desenvolvidos primeiro em outras espécies e, em seguida, precisam ser submetidos a um trabalho adicional para "humanizá-los". O anticorpo foi gerado usando a tecnologia de camundongo transgênico H2L2, do laboratório Harbor BioMed, parceiro da universidade.

Apesar da importante descoberta, os autores do estudo ressaltam que é necessário muito trabalho ainda para avaliar se o anticorpo descoberto pode proteger ou reduzir a gravidade da doença em humanos.

"Acreditamos que nossa tecnologia pode contribuir para atender a essa necessidade de saúde pública mais urgente e estamos buscando várias outras vias de pesquisa", concluiu o doutor Jingsong Wang, fundador da Harbor BioMed.