Durante a pandemia

Seu filho adoeceu? Saiba quando levá-lo ao hospital

É comum aparecerem quadros de doenças respiratórias e resfriados nesta época do ano; veja quais sintomas são sinais de alerta

Por Bruno Mateus
Publicado em 01 de maio de 2020 | 18:40
 
 
 
normal

A advogada Michelle Aline dos Santos ficou apreensiva quando José Roberto, seu filho de 4 anos, apresentou um quadro febril na última terça-feira (28). Num primeiro momento, ela disse que a principal preocupação foi que o filho estivesse apresentado sintomas da Covid-19. “Depois, fiquei com medo de ter que levá-lo a um hospital. Caso não fosse Covid-19, ele estaria muito exposto naquele local”, ela conta. Depois de monitorar a situação por dois dias, Michelle levou o filho a uma clínica pediátrica na região da Pampulha, na quinta-feira, onde a criança foi diagnosticada com início de infecção na garganta. “A febre não evoluiu, foi só um susto. Ele está ótimo, saudável e se alimentando bem”, afirma.

A situação pela qual Michelle passou é a mesma de muitas mães, que se veem em meio a um cenário de pandemia e com os filhos expostos a quadros de doenças respiratórias por conta do tempo seco e da queda de temperatura no mês de maio. É normal, portanto, surgirem dúvidas sobre os procedimentos a serem adotados nos casos em que crianças começam a apresentar quadros de possíveis enfermidades.

Segundo a doutora Flávia Izabel, médica do Hospital Infantil João Paulo II, a orientação é que, em caso de crianças com sintomas leves como coriza, tosse e febre, as mães evitem procurar o pronto-atendimento. “Apenas crianças com comorbidades ou com sinal de gravidade (cansaço, prostração, cianose) devem procurar atendimento”, ressalta a especialista.

Segundo a especialista, o número de atendimentos por doenças respiratórias no Hospital João Paulo II caiu significativamente se comparado ao mesmo período do ano passado, e isso se deve ao início do isolamento social. Enquanto em 2019 a média, entre fevereiro e abril, foi de 250 atendimentos por dia, agora este número gira em torno de 30 a 50 consultas diárias. “A maioria dos atendimentos desta época do ano é de quadros respiratórios, principalmente os virais. A transmissão ocorre através do contato com outras pessoas doentes ou pessoas com o vírus, mas assintomáticos. É a mesma forma de transmissão da Covid-19. Assim, o isolamento foi eficaz na redução das outras doenças respiratórias comuns nesta época”, afirma.

Flávia Izabel também explica que, no Hospital João Paulo II, o atendimento foi dividido entre pacientes com sintomas respiratórios e não respiratórios. Eles passam por uma triagem que orienta a separação do atendimento. “Com a necessidade de separação, uma parte do ambulatório de especialidades foi adaptada ao atendimento e à observação dos pacientes sem sintomas respiratórios”, ela diz.

No Hospital João Paulo II, há pacientes internados na enfermaria e no CTI com suspeita de coronavírus, mas, até o momento, nenhum caso foi confirmado. “Tivemos confirmação de infecção por outros vírus como influenza e respiratório sincicial, que são os mais comuns nesta época do ano”, completa a especialista. 

Momento atípico

A professora do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Minas Gerais, doutora Cristina Alvim, diz que vivemos um momento atípico por conta da pandemia do novo coronavírus. Ela reforça que é normal aparecerem casos de viroses respiratórias em crianças nesta época do ano, em que as temperaturas começam a baixar, mas é fundamental encontrar um ponto de equilíbrio: não procurar o médico na primeira febre nem deixar o quadro evoluir para uma pneumonia, por exemplo, que é o principal risco.

Para isso, monitorar a situação por alguns dias e perceber se a criança está disposta, hidratada e fazendo xixi normalmente é fundamental. “É um exercício de observação, de paciência e de solidariedade. Nesta hora, vale a pena conversar com alguém mais experiente, pedir sugestões e buscar informações em fontes seguras da internet, como no site da UFMG”, ela diz. 

Para a especialista, é preciso buscar o hospital apenas se a criança tiver uma piora no quadro. “Acho importante os pais saberem duas coisas: crianças menores de 1 ano têm um risco muito maior de ter complicações. Então, se o filho está com febre ou não está bem, é melhor levar ao médico. Já uma criança maior com febre, por exemplo, é possível, se não evoluir para um estado grave, observar em casa por três dias e ficar de olho se ela não está tendo dificuldade de respirar e de se alimentar. É importante evitar anti-inflamatórios e medicar apenas com dipirona ou paracetamol”, diz Cristina Alvim.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!