Previsão

Todos os municípios de São Paulo deverão ter casos de Covid-19 até fim de maio

Surgimento de casos no interior paulista cresce quatro vezes mais do que na Região Metropolitana da capital

Por Agência Brasil
Publicado em 07 de maio de 2020 | 16:22
 
 
 
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O coronavírus está se espalhando pelo interior de São Paulo – e de forma acelerada. Se o ritmo se mantiver assim, todos os 645 municípios do Estado serão atingidos pela doença até o fim do mês de maio. A informação foi dada nesta quinta-feira (7) pelo secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. Segundo ele, o surgimento de casos no interior cresce quatro vezes mais do que na Região Metropolitana da capital.

“No final de abril e início de maio, chegamos ao patamar de 38 novas cidades (registrando casos de coronavírus) a cada três dias. Se seguir por esse caminho ao longo do mês, significa que todos os municípios do Estado terão contágio de vírus até o final de maio”, disse Vinholi. “E estamos verificando aceleração nesse processo ao mesmo tempo em que as taxas de isolamento caíram no interior do estado de 52% para 47% em média, ao longo dos últimos 15 dias”, acrescentou.

“Em março, a cada três dias, sete novas cidades (apresentavam casos de coronavírus). Em abril, 25 novas cidades a cada três dias. Em maio, 38 novas cidades a cada três dias. Há 50 dias, eram apenas dez cidades (do Estado que tinham casos confirmados de coronavírus). Agora são 371 cidades (com casos confirmados). Olhem a progressão dessa epidemia quando se olha o conjunto do Estado. Não existe nenhuma região protegida neste momento”, afimou o diretor do Instituto Butantan e membro do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, Dimas Covas.

O secretário municipal de Saúde de São Bernardo do Campo, Geraldo Reple, que também é membro do Centro de Contingência, disse que a Covid-19 “está indo para o interior e com muita força”.Segundo Reple, isso preocupa muito o governo, já que algumas cidades paulistas não têm nenhum leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou leitos de estabilização para atender um doente de Covid-19. “O que sabemos é que muitos municípios não estão preparados”, afirmou.  

“Na minha cidade (São Bernardo do Campo), inauguramos um hospital, há quatro dias, com cem leitos, sendo 19 de UTI. E hoje já tem 13 pacientes nesses leitos. E tenho outro serviço com 100% dos leitos de UTI já ocupados. Isso é um dado bastante preocupante”, enfatizou Reple.

“Outro dado preocupante é o número de internações, bem como o de altas. Com todos os leitos que estão sendo feitos no estado de São Paulo, tivemos ontem mil internações (no Estado) e 600 altas. Essa relação de internação e alta deveria ser muito próxima, porque, se o número continuar dessa forma, ou crescendo – e pelo que parece é o que vai acontecer, vamos entrar em uma fase extremamente complicada”, acrescentou.

Para evitar que o colapso chegue ao sistema de saúde paulista, o governo diz que pretende ampliar o número de leitos, principalmente após a chegada de respiradores ao Estado. No entanto, só isso não será suficiente para conter o colapso: a taxa de isolamento no Estado precisaria subir, atingindo próximo de 70%, alertam as autoridades do setor.

Por mais uma vez nesta semana o isolamento social no Estado de São Paulo ficou abaixo de 50%, valor mínimo considerado satisfatório pelo governo paulista para evitar a propagação do coronavírus e o colapso nos hospitais. Ontem (6), o isolamento manteve-se em 47%. “A meta (do governo paulista) era atingir 70%, mas estamos longe desse cenário”, disse Dimas Covas.

De acordo com Covas, a taxa de reprodução ou de contágio do coronavírus (R0) no Estado era, no início, de 2,9, ou seja, uma pessoa infectada poderia contagiar cerca de três pessoas. Se a taxa de isolamento alcançasse 70% no Estado, a taxa de reprodução ficaria abaixo de 1, ou seja, a epidemia passaria a deixar de existir.

“Uma taxa de 70% (de isolamento) reduziria a taxa de transmissão para menos de 1. Quando isso acontece, a epidemia para de crescer. Ela para de aumentar. Ela se estabiliza até que, lá na frente, ela tenderia a desaparecer”, ressaltou Covas, lembrando a importância de as pessoas permanecerem em casa neste momento.

Leitos privados

Segundo o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, deve ser publicado nesta sexta-feira (8), ou no sábado (9), um chamamento público para que hospitais privados iniciem uma negociação com o governo sobre a cessão de leitos para o tratamento dos casos de coronavírus.

Segundo Germann, isso deve começar pelos hospitais filantrópicos e só depois com os da rede privada. Em último caso, se não houver negociação de leitos, o governo poderá requisitá-los, obrigando a rede privada a cedê-los.

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