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Astro da série 'Doc', Luca Argentero diz como é viver médico sem memória

Produção italiana, baseada numa história real, acaba de estrear no Sony Channel

Por Folhapress
Publicado em 25 de outubro de 2021 | 08:59
 
 
 
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Quando você pensa que o mercado de séries médicas está saturado, sempre surge uma surpresa para provar que ainda há espaço para reinventar o gênero. É assim com a série italiana "Doc", que estreou no último dia 18 no Sony Channel.
 
A trama parte de uma premissa tão inusitada que é preciso lembrar ao telespectador que foi inspirada em uma história real. O médico Andrea Fanti fica em coma após um incidente e, quando acorda, não lembra de nada do que ocorreu nos últimos 12 anos.
 
"Quando me apresentaram o projeto, dizendo que era inspirada em uma história real, isso imediatamente capturou a minha atenção", conta o protagonista Luca Argentero com exclusividade à Folha de S.Paulo. "Fiquei muito interessado em fazer parte da série porque nunca houve um drama médico assim."
 
Ele diz que foi importante para o desenvolvimento do personagem conhecer Pierdante Piccioni, cujo caso foi detalhado no livro de memórias que inspirou a trama. Ele teve a oportunidade de tirar diversas dúvidas e, mais recentemente, até de contracenar com ele, já que o médico faz uma ponta como paciente na segunda temporada -já está fase final de produção.
 
"Foi incrível conhecê-lo", afirma Argentero. "Mesmo quando você faz alguém que tem uma biografia escrita, em geral a pessoa já está morta, então não dá para falar com ela. Ele foi uma fonte maravilhosa de informações para o personagem, mesmo que seja outra pessoa na série."
 
Ele conta que, assim, conseguiu refletir sobre o que significa de verdade para alguém perder 12 anos de memórias. "Você abre a janela e o mundo está completamente diferente do que pra você é o dia anterior, tem arranha-céus, lojas de maconha legalizada e smartphones muito diferentes dos de antes", comenta.
 
"É uma loucura lidar com esse choque", avalia. "A gente nem se lembra direito de como era o mundo há 12 anos. A gente se acostuma com as pequenas mudanças no dia a dia, com novos produtos, novos acessórios, novos aparelhos, então não sente a diferença."
 
Famoso na Itália por participar da versão local do Big Brother e depois fazer uma transição de sucesso para a carreira de ator, ele diz que o papel exigiu muito de sua versatilidade. "Eu diria que são três papéis em um, porque tem o Andrea jovem que aparece nos flashbacks, que é diferente do que voltou do acidente e também do de antes do acidente", diz.
 
O desafio foi diferenciar todas essas fases do personagem. "Pontuamos isso no físico do personagem, o novo Andrea está sempre para cima, enquanto o antigo, que eu chamo de malvado, está sempre com os ombros para baixo, por causa do peso da responsabilidade", exemplifica.
 
Isso porque, antes do incidente, Andrea é chefe do departamento de medicina interna do hospital. Sério, ele trata os pacientes de forma fria e é bastante autoritário com os colegas e residentes. Quando ele volta, é como se tivesse reencontrado a paixão pela profissão que tinha no começo da carreira.
 
A nova fase do personagem é muito calcada na do médico real que passou pela situação. "O Piccioni é muito interessante por isso, você olha para ele e vê que ele percebeu a oportunidade que ganhou", avalia. "Numa situação como a que ele passou, ou você se tranca no banheiro e chora o dia inteiro ou segue a vida tentando fazer alguma coisa de útil e tentando ser uma pessoa melhor."
 
O fato de o personagem ter precisado se tornar paciente também acaba tornando-o mais empático. "De certa forma, ele vira um médico perfeito", diz Argentero. "Ele perde o interesse em subir na carreira e foca em resolver problemas, estar perto dos pacientes, entender as pessoas que estão na frente dele para poder curá-las de um modo mais profundo."
 
Porém, nem tudo são flores. "Ele perdeu 12 anos de conhecimentos técnicos, então tem coisas que ele está tentando recuperar", lembra. "Tem procedimentos mais modernos e tecnológicos que ele ignora."
 
Memo assim, o ator diz que costuma receber mensagens de pessoas que gostariam de ser pacientes de Andrea Fanti. Ele próprio afirma que sua percepção sobre a classe médica mudou com a chegada do novo coronavírus, lembrando que a Itália foi um dos países mais afetados no começo da pandemia (o que fez com que as gravações da primeira temporada fossem interrompidas por meses).
 
"As pessoas estavam precisando muito de médicos e enfermeiros, precisando de cuidados e empatia", comenta. "Essa pandemia nos mostrou como a vida pode ser bizarra e como é importante ser a melhor versão de você mesmo, a ser humano com o outro, mesmo que seja um completo desconhecido."

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