'Cats': Clássico musical ganha versão cinematográfica com elenco estrelado

“Cats”, que estreou no West End em 1981, foi o marco inaugural dos megamusicais, abrindo caminho para “Les Misérables”, “Wicked” e outros. O espetáculo com música de Andrew Lloyd Webber ficou em cartaz por 21 anos consecutivos em Londres e 18 em Nova York. Mas sua premissa exige um esforço maior de suspensão da descrença, já que se trata de humanos vestidos de gatos que disputam um lugar no céu.

Inspirado em poemas de T. S. Eliot, o musical tem um fiapo de história ligando os números. Por isso, apesar do sucesso no teatro, uma adaptação para o cinema sempre seria arriscada. Coube a Tom Hooper, vencedor do Oscar de direção por “O Discurso do Rei” (2010), a tarefa, e ele apostou em um elenco eclético.

Há atores clássicos como Judi Dench e Ian McKellen. Idris Elba faz o papel de um gato criminoso, enquanto James Corden e Rebel Wilson oferecem alívio cômico. Os cantores Taylor Swift e Jason Derulo são Bombalurina e Rum Tum Tugger. Dois papéis importantes, Mr. Mistoffelees e Munkustrap, ficaram com Laurie Davidson e Robbie Fairchild.

A Jennifer Hudson coube o papel de Grizabella, a gata glamourosa que hoje vive à margem. Bailarina principal do Royal Ballet, Francesca Hayward faz sua estreia no cinema como uma jovem gata. Além de bailarinos clássicos, há gente que veio do teatro musical e nomes como os irmãos Les Twins, que têm origem na street dance e se apresentaram com Beyoncé.

Treinamento

Todos passaram pela “escola de gatos”, alguns por três meses. “Foi uma experiência que nunca mais vamos usar na nossa vida de novo, como álgebra”, disse Jason Derulo, em tom de brincadeira. A preparação envolvia jogos em que os atores eram vendados, para confiar mais em seus outros sentidos. “Tom Hooper não queria que imitássemos gatos. Somos humanos interpretando gatos, não estamos andando de quatro o tempo todo”, contou Francesca Hayward. 

Na hora de filmar, como a ideia era fazer captura de movimentos, porque o rosto e o corpo dos atores seria completado com orelhas, bigodes, pelos e rabo, tudo era feito numa roupa colante e aparatos que depois transferem os gestos e expressões faciais para um computador. “Era como estar nu na frente dos outros”, descreveu Derulo.

A maior parte dos cenários foi construída em escala gigante para tentar se aproximar às proporções dos gatos. Os números musicais foram filmados ao vivo. 

A escolha de fazer um misto de humanos e gatos com ajuda dos efeitos especiais foi o alvo das críticas quando saíram os trailers. 

“Teve um pequeno filme chamado ‘Avatar’ que despertou o mesmo tipo de reação. Toda vez que algo é diferente, a resposta é extrema”, ironizou Rebel Wilson. Mas se “Avatar” foi um sucesso, o início de “Cats” vai no sentido oposto. 

O filme estreou no dia 20, nos EUA, sob uma chuva de críticas negativas (arrecadou apenas US$ 6,5 milhões no primeiro fim de semana) e engraçadas, com pessoas cantando, dançando e interagindo com o longa.