Com o adiamento, por causa do coronavírus, de todos os filmes originalmente programados para entrar em cartaz nesta quinta-feira (19) e de dezenas de outros que estreariam nas próximas semanas, o Brasil já tem cerca de 600 salas de cinema fechadas.
Em Belo Horizonte, o Cine Belas Artes, localizado na rua Gonçalves Dias, no bairro Lourdes, anunciou nesta terça-feira (17) que estará fechado a partir de quinta-feira (19), por tempo indeterminado.
Outras salas da cidade, como as do Complexo Cineart, que atuam
em vários shoppings da capital (Boulevard, Ponteio, Minas Shopping, Del Rey, Shopping Cidade e Via Shopping) e da região metropolitana (Shopping Contagem, ItaúPower Shopping e Monte Carmo), estão operando com apenas 60% da capacidade de suas salas enquanto não surge orientação contrária do governo do Estado de Minas Gerais indicando o fechamento das salas, como ocorreu no Rio de Janeiro.
Procurada, a assessoria do Cinemark (Pátio Savassi, BH Shopping e Diamond Mall) não retornou a respeito das salas de Belo Horizonte.
No país
De acordo com o portal Filme B, especializado em mercado
cinematográfico, a pandemia de coronavírus que se alastra pelo
país foi responsável pelo encerramento das atividades em 577
salas, de um total de cerca de 3.500 (cerca de 16%).
"O prejuízo é enorme, e todas as salas do Brasil vão fechar, é
só uma questão de tempo", afirma Paulo Sérgio, diretor do site.
Quase todos os Estados foram afetados, sendo o Rio de Janeiro o
responsável pelo pior cenário para o parque exibidor, já que o
governador Wilson Witzel determinou a suspensão de cinemas,
teatros e casas de shows por 15 dias, contados desde a
última sexta-feira (13).
Em meio a esse cenário, as bilheterias nacionais tiveram uma
queda expressiva de público, com menos de 1 milhão de pessoas
indo assistir aos 20 líderes de bilheteria exibidos nas salas
remanescentes no último fim de semana.
Na quinta-feira passada (12), o portal já havia notado que desde
2017 não havia uma performance tão ruim dos cinemas em um dia
de estreia de filmes, com 86 mil espectadores.
Para acatar as recomendações das autoridades, redes de cinema
que operam em São Paulo também estão fechando as portas
indefinidamente. Espaço Itaú de Cinema, Petra Belas Artes e
Cinesala anunciaram a decisão nessa segunda (16).
No Rio, a regra de suspensão das salas gerou um impasse para a
Cinemark, que, de acordo com o portal G1, ofereceu a seus
funcionários duas opções: aceitar um plano de demissão
voluntária ou um curso de qualificação remunerada, no qual o
funcionário receberia uma parcela do salário.
Procurada pela reportagem, a Cinemark não se manifestou sobre o
caso. Mas divulgou um comunicado em que pede ao governador de
São Paulo, João Doria, a obrigatoriedade de fechamento das
salas de cinema do Estado.
"A Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas
e o Sindicato das Empresas Cinematográficas do Estado de São
Paulo vêm a público pedir ao governador de São Paulo, João
Doria, que assuma o papel de fechar as salas de cinema do
Estado, na forma da lei. As empresas exibidoras entendem que a
grave situação colocada pela pandemia da Covid-19 é urgente e
demanda uma resposta rápida que somente o Estado está
habilitado a tomar", diz a carta.
"Infelizmente, o fechamento das salas por iniciativa das
empresas demandaria negociações com cada uma das empresas
administradoras de cada shopping onde existe uma sala de
cinema, o que seria penoso e lento. Os shoppings pertencem a
diferentes grupos econômicos, com participação de investidores,
fundos de previdência, fundações e outros, o que demandaria
diversas instâncias de negociação, resultando num prazo para
solução dos problemas que a saúde pública não tem. O bem-estar
dos espectadores de cinema e dos funcionários das empresas de
cinema é hoje a nossa prioridade".
A Kinoplex também ofereceu aos funcionários do Rio alternativa
que recebeu críticas nas redes sociais: anunciou férias
coletivas. "A Kinoplex informa que optou pelo benefício,
pensando no bem-estar dos seus profissionais, uma vez que,
dessa forma, eles recebem o valor integral dos seus salários. A
empresa ressalta ainda que 50% da sua rede está no Rio de
Janeiro, o que reforça a importância do bom funcionamento da
operação no Estado".