Mostra Infanto-Juvenil

Curta 'Difícil É Não Brincar', da mineira Papoula Bicalho, é premiado

Filme registra a infância em três distritos do interior de Minas Gerais em que a produção de minério é a principal atividade econômica

Por Patrícia Cassese
Publicado em 31 de agosto de 2020 | 19:10
 
 
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O filme “Difícil É Não Brincar”, curta-metragem dirigido por Papoula Bicalho, foi agraciado com o Prêmio Aquisição SescTV de melhor filme nacional realizado por diretor estreante no 31° Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. "Foi muito bacana, pois acredito que (o prêmio) vá fazer o filme ganhar vida, sendo assistido por diversas pessoas de territórios culturais os mais variados do Brasil", diz a diretora. "O Sesc tem braços culturais, sociais, educativos que dialogam muito bem com filme, que aborda a sensibilidade e expressividade da infância por meio do brincar, essencial ao desenvolvimento do ser humano. No curta, feito para todas as idades, a brincadeira é porta de entrada para a experimentação de si mesmo na relação com o outro e com a própria realidade e é, acima de tudo, exercício de liberdade. Quando brincamos, ficamos livres dos dogmas familiares, religiosos e políticos que bloqueiam a percepção inovadora de nós mesmos", diz Papoula. 
 
Até o próximo domingo, o filme pode ser visto  pelo link  https://innsaei.tv/#/play/db5ae6d3-b46f-4479-9302-8d325890cdf4
 
"Difícil é Não Brincar" mostra um pouco da infância de crianças do interior de MG. "Quando a criança brinca, ela revela os próprios sonhos - os pesadelos também. Ela joga com os medos e os anseios, com quem ela gostaria de ser e não é. Se revela mais, brinca mais com a complexidade toda de ser criança - porque ser criança é muito complexo, muito conflituoso. Então, na brincadeira, ela pode se revelar jocosamente, e, assim, é um campo fértil para a gente poder entrar nessas infâncias que o filme abordou", situa Papoula.
 
Participaram das filmagens mais de 90 crianças de Miguel Burnier, Motta e Lobo Leite, distritos dos municípios de Ouro Preto e Congonhas, Minas Gerais. "São distritos que traduzem muito esse imaginário que a gente tem do interior de Minas Gerais, de hábitos e costumes preservados de geração em geração. Locais nos quais as pessoas podem deixar as portas de suas casas abertas, onde as crianças brincam na rua, onde há uma irmandade grande entre os vizinhos, os moradores. Mas, ao mesmo tempo, tem essa realidade complexa da mineração. Todos esses distritos têm mineradoras ao lado, o que impacta profundamente a vida dessas comunidades. E, no filme ,a gente tenta mostrar isso pelo olhar da crança, pelo modo como ela se relaciona com o seu ambiente, com a sua realidade", explica a diretora.
 
Participar do festival foi uma experiência da qual ela se diz orgulhosa, por ser um evento que, salienta, consegue representar tão bem territórios culturais do Brasil, internacionais, latino-americanos. "E, nesse sentido, esses territórios desses distritos que são abordados no filme, eles são tão diferentes também de Belo Horizonte, de São Paulo... por isso é muito importante que sejam também revelados para outros territórios, a partir desse festival, que, acredito, vai fazer também ecoar a voz dessas crianças, a existência delas, a realidade delas".
 
Papoula conta que o projeto, agora, é de que o curta sejá inscrito em outros festivais de cinema. "Além disso, um desejo nosso é mostrar o filme  para escolas municipais, estaduais e federais, pois ele pode ser um disparador de reflexões acerca de como essas infâncias estão sendo vivenciadas e construídas, o que pode gerar conteúdo didático vivo para ser trabalhado em sala de aula e entre pedagogos e educadores de maneira geral".
 
"Difícil é Não Brincar" contou com direção de produção de Janice Miranda, apoio institucional do Museu de Congonhas, parceria com a comunidade escolar dos distritos Miguel Burnier, Motta e Lobo Leite, distritos dos municípios de Ouro Preto (MG) e Congonhas (MG), realização da Luz Comunicação, com patrocínio da Gerdau. 

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