O fotojornalista Eugênio Sávio apresenta a partir desta quinta-feira, na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, em Lourdes, a exposição “Instante Invisível", que reúne 138 fotos produzidas ao longo de mais de 30 anos na cobertura de eventos esportivos mundo afora. A mostra, que tem curadoria de João Castilho e Pedro David, poderá ser vista até setembro. "O processo de edição da exposição foi muito longo. A gente - Castilho, David e eu - ficou vários meses avaliando todo o percurso, toda a infinidade de possibilidades que a gente tinha. Fomos cercando até chegar a três áreas", narra.
O primeiro eixo apresenta as fotografias de esportes olímpicos realizadas em pan-americanos e olimpíadas. O segundo, por sua vez, se detém sobre o futebol, modalidade à qual Sávio se dedicou em especial. Por último, fotografias realizadas do lado de fora das grandes arenas. "Em seus incessantes deslocamentos, Eugênio realizou fotografias que vão de grandes vistas, a cidades densamente povoadas, aos amplos vazios dos desertos claros e secos”, explica João Castilho (no caso, no material enviado à imprensa).
Ao Magazine, Eugênio pontua que, em coberturas esportivas, sempre há um "detalhe do movimento" que o fotógrafo acaba não conseguindo controlar, por ser fruto do acaso.
Desafiado a escolher uma das fotos arroladas na mostra, para falar sobre o momento em que a tirou, ele bate o martelo pela imagem de Maurren Maggi, atleta do salto em distância, feita em Pequim 2008. "Eu estava trabalhando na cobertura das Olimpíadas de 2008 com o Chico Maia, a gente tinha uma coluna aí, n'O Tempo. Eu tinha uma certa liberdade, não estava trabalhando na cobertura do factual do esporte, e sim fazendo fotos do clima das Olimpíadas, contando as histórias", lembra.
No dia do clique citado, a possibilidade de uma medalha de ouro estava no horizonte. "E eu acabei tendo a liberdade de fotografar de um jeito não convencional, que é essa forma de dar uma exposição longa para explorar essa invisibilidade da fotografia, essa possibilidade do acaso. Mas você tem que ter um pouco de sorte. Um risco que você corre, de ter uma imagem diferente das tantas que estavam sendo feitas naquele mesmo instante. Eu acho que ficou uma foto muito interessante! Gosto muito dela e, na galeria, ela está tendo um destaque bom", avalia.
Já quando perguntado que conselho daria a um jovem fotojornalista, que porventura estivesse pensando em se enveredar pela cobertura esportiva, ele diz: "Olha, tem que fotografar, tem que treinar bastante, sair na rua, fotografar o esporte nas ruas, o esporte amador. E aí que você vai pegar uma base para depois conseguir fotografar o esporte de mais alto rendimento, de competições. O primeiro passo é esse: se familiarizar com a câmera".
Sávio prossegue lembrando que a fotografia esportiva exige um treinamento maior para explorar o equipamento de uma forma que dê resultados. "Tem que saber como é que funciona o esporte, treinar e ver. O legal dessa exposição é que ela lida com isso. Ela chama 'Instante Invisível' porque a gente não consegue ver na hora o que está fotografando. A gente imagina o resultado e vê depois a imagem processada na câmera, seja ela digital ou analógica, do tempo que eu comecei, mas quando a gente aperta o disparador a gente não sabe o que que vai sair".
O fotógrafo
Eugênio se iniciou na arte de fotografar ainda jovem. “Comecei aos 15,16 anos com as câmeras do meu pai, que já tinha deixado o que para ele era um hobby para trás. Ele tinha um laboratório que estava desativado e passei a usá-lo”, lembra o jornalista.
O esporte propriamente dito também está na vida de Eugênio desde a adolescência - aliás, ele atleta do Minas, no vôlei. “Também gostava muito de futebol e colecionava revistas esportivas. Entrei na faculdade de jornalismo, na UFMG, e, lá, tive a oportunidade de avançar como fotógrafo. Frequentei a faculdade de Belas Artes e fui fotografando esportes”.
Serviço
Exposição "Instante Invisível"
De: Eugênio Sávio
Data: 15 de julho a setembro
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2.244. Lourdes)
Horário: de terça a domingo e feriados, das 13h às 19h.
Entrada franca/ Classificação: livre.
Capacidade: 30 pessoas.