Circuito Liberdade

Exposição 'Vetor Vivo', de João Diniz, marca a reabertura do MM Gerdau

A mostra apresenta esculturas em aço como forma de materializar a composição de ideias espaciais, sejam elas artísticas ou arquitetônicas

Por Patrícia Cassese
Publicado em 09 de julho de 2021 | 14:48
 
 
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Não fosse uma pandemia no meio do caminho, a exposição "Vetor Vivo", do arquiteto João Diniz, teria entrado em cartaz na MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal, um dos equipamentos que compõem o Circuito Cultural Liberdade, em abril do ano passado, tendo como mote o Dia do Aço, comemorado em 9 de abril. As conversas entre as partes, na verdade, foram iniciadas ainda no final de 2019. Mas com a inesperada entrada em cena do novo coronavírus, logo veio a constatação de que a iniciativa não seria realizada em 2020. "No entanto, as peças ficaram prontas (foram produzidas pela Accero) e, por serem de grandes dimensões, guardadas em um pátio", conta Diniz. Mesmo com as indefinições que ainda cercam o flagelo neste momento, este ano, o MM Gerdau resolveu ativar a mostra, ainda que, na expectativa inicial, em ambiente virtual. A boa notícia é que as visitas a equipamentos culturais foram autorizadas pelo poder executivo e, diante disso, "Vetor Vivo" tem início hoje com a possibilidade de também ser conferida presencialmente.

A mostra reúne dez obras do arquiteto, que ressalva ser esta empreitada um desdobramento de duas exposições suas anteriores: "Trama", realizada na galeria Asa de Papel, e "Teia", na galeria Corda, situada no Mercado Novo. "Foram duas experiências bacanas, que reuniram peças que trabalham com a questão da estrutura, das barras de aço, que eu chamo de vetores. Nessa nova mostra, Vetor Vivo, porém, tive condições de fazer peças maiores, inclusive pelo fato de uma delas ser instalada em ambiente externo. E mesmo as que estão dentros, a galeria do MM - Gerdau é muito bacana, uma sala grande, espaçosa", conta João Diniz. 

Ainda segundo o arquiteto, a ideia é que a exposição funcione em dois momentos. O primeiro é representado por um filme de 24 minutos, produzido por Daniel Ferreira e Bel Diniz, com trilha sonora assinada por Pterodata - arquitetura dos sons. "Ele faz parte da expografia, e será passado no teto da sala, que é redondo. Esse filme representa os projetos em aço que fiz, projetos esses em várias escalas, desde mobiliário doméstico até edifícios comerciais, escolas. Obras construídas na possilidade do aço e na arquitetura e na engenharia".

O segundo momento são as as estruturas-esculturas propriamente ditas. "Eu até inventei uma palavra  - es.cult.trut.uras - para definir esse diálogo. São peças de variados tamanhos. Quatro têm 1,5 meio, que são os prismas, tem também quatro torres de três metros de altura e duas de seis metros, uma delas, a que está na rua, em frente ao museu", explica o arquiteto e artista. Essas obras, prossegue Diniz, seriam uma espécie de antevisão de edifícios que podem ser construídos. "Uma coisa meio utópica. Mas explorando sempre a questão da estabilidade da estrutura, e, nesse sentido, (as obras) conversam com engenharia, arquitetura... Um pouco assim, a estética resultante e a geometria que promove essa estabilidade, que são os poliedros, que permitem que você faça peças grandes com barras finas. Essa geometria promove essa estabilidade, estruturação". 

Ampliando o aspecto estrutural e artístico, João Diniz revela que, recentemente, acorreram-lhe pensamentos de que esse arranjo no qual as barras acabam sendo solidárias entre si, promovendo a estabilização do conjunto, poderia servir de analogia à sociedade atual. "No sentido de as diversas partes se suportarem, e conjuntamente, promoverem uma estrutura estável". 

Uma estrela

Sobre a escultura instalada na rua, João Diniz conta que os operários que trabalharam na execução da peça passaram a chamá-la de 'Estrela'. "Gostei e adotei esse nome. Ela tem um eixo de simetria, como se fosse um eixo vertical. Se desenvolve numa simetria tanto de cima para baixo quanto de fora para dentro, então, tem uma regularidade. Uma peça que pode ser medida, que tem uma precisão, na qual as barras são parecidas, algumas até iguais. Exigiu um rigor maior na execução. As outras já jogam com uma articulação, assim, mais livre, na qual o erro, a imprecisão, faz um pouco parte do processo. Inclusive, foram projetadas através de maquetes, e eu as faço menores, com madeira. Quando os operários a executam, há, claro, uma ampliação (das dimensões). E, nela, acabam surgindo algumas modificações de percurso que acho muito interessantes. Na verdade, este movimento gera uma possibilidade de participação (na criação) dos operários que trabalharam ali. Então a primeira torre, a Estrela, é mais regular, e as outras, mais livres, espontâneas e orgânicas. Mas todas têm um compromisso muito forte com essa questão da estabilidade. Não existem barras desnecessárias do ponto de vista da composição. Todas são o que uma estrutura demanda para ficar de pé, mas isso tudo passando por uma manipulação criativa".

Serviço

“Vetor Vivo”, de João Diniz

Lançamento digital: 9 de julho - sexta-feira

Horário: 15h

Transmissão ao vivo pelo YouTube: www.youtube.com/user/MuseuMinasMetal e pelo Instagram do MM Gerdau(@mmgerdau)

Visitação presencial: de terça a sábado, das 11h às 18h, e nas quintas-feiras, das 11h às 21h.

Informações completas no site: www.mmgerdau.org.br

Visitas virtuais pelo Google Arts&Culture

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