Balizando suas três décadas de trajetória, o grupo Armatrux dá início neste sábado, mais precisamente às 17h, a uma programação comemorativa que se estenderá até o mês de dezembro. A cereja do bolo é que a partida vai contar com a presença do público, assim como de artistas convidados, tendo como cenário o Jardim do Centro de Arte Suspensa e Armatrux - C.A.S.A, em Nova Lima. Esta rodada inicial de atrações, neste sábado, segue até as 21h, com espetáculos, lançamento virtual de documentário, música e o bar da Toninha Utópica. O acesso é gratuito.
E é justamente sobre o reencontro com o público que a conversa com o Magazine teve início. Perguntada sobre quando perceberam que seria possível pensar a programação alusiva aos 30 anos de modo presencial, a atriz, palhaça e professora Paula Manata, fundadora da companhia, responde que só quando o número de mortes diárias pelo novo coronavírus começou efetivamente a cair, em proporção inversa ao número de pessoas vacinadas. “Passamos por momentos muitos difíceis – na verdade, não podemos esquecer que ainda estamos na pandemia. Mas agora temos números concretos, e tenho muita esperança de a gente, o povo brasileiro, sair dessa ‘onda’ mais forte, unido, acreditando nas pessoas, dando valor para a arte, a ciência, a natureza, dando valor para o ser humano”, diz ela, antes de lançar um “Viva o SUS”.
Nos períodos mais severos da pandemia, Paula conta que os integrantes de fato só se encontravam em ambiente virtual. “Como os outros grupos e artistas, fomos tentando nos reinventar, fazendo filmes, vídeos, podcasts... E estudando. Pesquisando para novos trabalhos. Fizemos leituras dramáticas e iniciamos uma nova montagem para rua”, relata. Na verdade, trata-se de um novo show: “Armatrux, a Banda”. “Aliás, a trilha já está pronta, com novas músicas”, adianta ela. No mais, prossegue Paula, a meta é dar prosseguimento às pesquisas com o diretor e dramaturgo Eid Ribeiro, com quem o grupo estabeleceu uma conexão ímpar. “Estamos trabalhando em um novo projeto com ele, o de fazer um filme do espetáculo ‘No Pirex’”, explica. Na agenda do pós-pandemia, estão anotados ainda o compromisso de voltar a circular com os espetáculos do repertório e o de dar continuidade às ações do C.A.S.A.
A parceria com Eid Ribeiro – quem acompanha o grupo sabe – teve seu marco inicial em 2007, com a montagem “De Banda Pra Lua”. A citada “No Pirex” veio em 2009, tendo percorrido um circuito respeitável de festivais. Depois, veio a tragicomédia musical “Thácht”, que, aliás, será encenada no dia 6 de novembro, um sábado. O mais recente juntar as forças entre as partes se deu com “Nightvodka”, que também se faz presente nesta agenda comemorativa – só que, agora, se desdobrando em uma websérie, a ser mostrada em dezembro. “Estamos começando a trabalhar nesse novo projeto, a ideia é levar para as pessoas um pouco dessa montagem tão bonita do grupo”, conta. Cada capítulo vai trazer o olhar de um dos personagens sobre a obra.
Programação múltipla e cheia de atrações
Neste sábado, a abertura, às 17h, acontece com o multiartista Rodrigo Negão, que vai dar as boas-vindas ao público e comandar a festa como mestre de cerimônias. Às 17h30 é a vez de outro parceiro da trupe, o bonequeiro, cenógrafo e fundador da Cia. Pigmaleão, Eduardo Félix, que apresenta o encantador espetáculo “Seu Geraldo”. Em cena, três bonecos: o violeiro e cantor Geraldo, 73, sua namorada, Dona Catarina, de 81, e sua irmã Ana, que, juntos, relembram músicas antigas. Às 19h, a companhia mineira apresenta “Armatrux, A Banda”, que já circulou por mais de 70 cidades brasileiras. Trata-se de uma banda de bonecos formada por quatro músicos e uma convidada especial, a pianista Mafalda Jackson. A direção musical e a trilha sonora levam a assinatura de John Ulhoa (Pato Fu) e Bob Faria. Os bonecos foram desenhados pelo artista gráfico Conrado Almada. A noite continua com DJ Vinny Brown e o Bar da Toninha Utópica Marcenaria.
Às 21h, estreia nas redes sociais da companhia o documentário “Armatrux, a Banda (Novo Show)", dirigido pelo parceiro Macau Digital, com participações dos artistas Maurício e Júlia Tizumba. A produção traz o processo de criação do novo espetáculo do grupo, que, como citado, estreia em breve. A ideia é mostrar os bastidores da criação, recortes dos encontros (virtuais) em meio à pandemia para discussões e pensamentos sobre a trilha e os novos bonecos. A empreitada dá sequência à parceria com Ulhoa, com a adesão de Richard Neves.
História de alegria
Fundado em 1991, o Armatrux já soma 21 espetáculos, além de três curtas-metragens e uma exposição interativa. De acordo com dados da própria companhia, já se apresentaram em oito países, em todos as regiões brasileiras e em mais de 60 cidades do interior de Minas Gerais, totalizando um público de mais 600 mil pessoas em suas apresentações e oficinas, voltadas para adultos e crianças. “Acho a trajetória do Armatrux muito bonita, já levamos teatro para tantas pessoas que nunca tinham tido oportunidade de ver uma peça. Mudamos o mundo de muita gente, um sopro de esperança, de alegria, de sensibilidade”, exalta Paula Manata.
30 anos do Armatrux
Toda a programação da celebração está nas redes sociais do Grupo de Teatro Armatrux (Facebook, Instagram, YouTube)
Programação presencial: Jardim do C.A.S.A. (rua Himalaia, 69, Vale do Sol, Nova Lima).