Além de “Escândalo”, outra estreia de hoje nas salas de cinema guarda relação estreita com a cerimônia do Oscar. Trata-se de “Os Miseráveis”, drama político francês de Ladj Ly,e que foi selecionado entre os cinco concorrentes a Melhor Filme Estrangeiro. O longa aporta no écran com ótimas credenciais: ano passado, venceu o Prêmio do Júri de Cannes, conquista dividida com o brasileiro “Bacurau”, de Kléber Mendonça. Não bastasse, faturou o prêmio de Revelação no European Film Awards e foi indicado ao Globo de Ouro e ao Critics Choice Awards.
 
O filme tem como base o curta-metragem homônimo de 2017, do mesmo diretor, que foi destaque no Festival de Cinema do Rio de Janeiro. Ambientado em Montfermeil, subúrbio parisiense, a fita traz, no elenco, os atores Damien Bonnard, Alexis Manenti, Djibril Zonga, Issa Perica e Al-Hassan Ly, entre outros. Bonnard é Stéphane, um agente de polícia que se transfere de Cherourg a Montfermeil, onde passa a atuar no Esquadrão Anti-Crime junto a Chris (Manenti) e Gwada (Zonga) – colegas que, no dia a dia, não usam expedientes muito ortodoxos. Logo Stéphane se dá conta de que há uma tensão constante pairando no ar, acirrada principalmente por arraigadas disputas entre gangues locais. O gatilho para a tensão surge quando um filhote de leão é roubado de um circo. 
 
E é a partir de uma perseguição que Stéphane passa a entender o quão o que aprendeu na teoria nem sempre pode ser aplicado na prática. O trio acaba se excedendo em uma abordagem e, não bastasse, um drone captura o momento. Vale frisar que o diretor, cujos pais vieram do Mali, sempre viveu em Montfermeil, um “banlieu”, como se diz na França. Para os que perguntam a relação do nome do filme com o romance de Victor Hugo, a resposta é : exatamente este cenário. Montfermeil é onde parte importante da história do célebre livro de 1862 se desenrola, também em meio à pobreza.