Cinema

Brasil leva o 'circo' para o Oscar

Dirigido por Cacá Diegues, 'O Grande Circo Místico' será o representante brasileiro na categoria de filme estrangeiro

Por Daniel Oliveira
Publicado em 12 de setembro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Cacá Diegues está tendo um ótimo 2018. Depois de ser eleito o novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) há duas semanas, o cineasta viu nesta terça-feira (11) seu novo longa – “O Grande Circo Místico” – ser escolhido o representante brasileiro na luta pelo Oscar de filme estrangeiro do ano que vem.

Na disputa, definida por um grupo de membros da Academia Brasileira de Cinema, o filme superou outras 21 produções inscritas – entre elas, títulos aclamados como “As Boas Maneiras”, “Benzinho” e “Ferrugem”. “Eu só posso comemorar. Estou muito contente que o filme esteja sendo recebido desta maneira. Foram mais de 20 inscritos, cada um com uma tendência diferente, e todos muito bons. É um momento rico e poderoso do cinema brasileiro”, celebra o cineasta de 78 anos.

Adaptado do espetáculo inspirado no poema de Jorge de Lima, e com trilha sonora de Chico Buarque e Edu Lobo, “O Grande Circo” retrata cem anos e cinco gerações na vida de uma família austríaca, dona do picadeiro do título. Com toques de realismo fantástico, a produção traz no elenco Jesuíta Barbosa, Juliano Cazarré, Bruna Linzmeyer e o francês Vincent Cassel. “O cinema é um filho do circo, como todo espetáculo. Ele é pai de todas essas manifestações, como teatro e TV. É um filme sobre espetáculo”, sintetiza o diretor.

Com previsão de estreia nacional para 15 de novembro, o longa (que já está sendo exibido em algumas salas no Rio de Janeiro) marcará a sétima vez que uma obra dirigida por Diegues representará o país na disputa pelo Oscar. O cineasta acredita que toda essa experiência, porém, não vai ajudar muito – já que o gosto da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tem mudado bastante nos últimos anos. “Atualmente, eles estão votando em filmes como ‘Moonlight’ e ‘A Forma da Água’, que são obras autorais. Antigamente, não, era o ‘Ben-Hur’. O julgamento muda muito, é como festival: um ano prefere longas mais calmos, outro mais agitados. É difícil fazer qualquer previsão”, reflete.

Críticas. Mesmo sem ter estreado no circuito nacional, “O Grande Circo” já acumula uma boa carreira – inclusive internacional. O longa abriu o último Festival de Gramado e teve sua grande première mundial no último Festival de Cannes. As críticas que ele recebeu por lá, porém, não foram muito boas.

O “The Hollywood Reporter” chamou o filme de “cem anos de estupidez” com “uma narrativa desconjuntada e personagens pouco convincentes”. A “Variety” classificou como um “espetáculo novelesco que tropeça logo no início e nunca para de tropeçar”. E o site Screen Daily definiu como “uma novela boba, recheada de incidentes, poucos dos quais são memoráveis”. Ainda assim, o longa conseguiu um distribuidor nos EUA, a Kino Lorber, que Cacá espera que “fará um bom trabalho com o filme por lá”. Entre os atuais favoritos na categoria do ano que vem estão o paraguaio “As Herdeiras” e o mexicano “Roma”, de Alfonso Cuarón – que venceu o Leão de Ouro em Veneza no último sábado e tem o apoio da Netflix.

Cacá no Oscar

“Xica da Silva” (1977)

“Bye bye, Brasil” (1980)

“Um Trem para as Estrelas” (1987)

“Dias Melhores Virão” (1989)

“Tieta do Agreste” (1997)

“Orfeu” (2000)

“O Grande Circo Místico” (2018)

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