No início do mês, a Agência Nacional do Cinema (Ancine), com sede no Rio de Janeiro, decidiu retirar, por ordem de seu presidente interino, Alex Braga, todos os cartazes de filmes brasileiros que estampavam as paredes da instituição. Antes expostos, eles foram levados a um depósito no centro da capital fluminense. Foi justamente uma exposição de cartazes que acendeu no corpo diretivo do Cine Humberto Mauro o desejo de dedicar uma mostra ao cinema nacional. 

Em setembro, durante o Festival Internacional de Curtas, a artista plástica Clara Moreira, natural de Recife, teve o seu trabalho contemplado na mostra “Vislumbres de uma História de Cinema”. Entre os 67 cartazes produzidos por ela, estava o de “Bacurau”, uma das atrações de “Cinema Brasileiro em Cartaz”, que cumpre temporada desta quarta (18) a 30 de dezembro no Cine Humberto Mauro. 

“Desde então, buscamos um espaço na nossa agenda para realizar um grande apanhado sobre a produção do cinema brasileiro recente”, observa Bruno Hilário, gerente do Cine Humberto Mauro. Ele destaca a tradição do espaço em “dar visibilidade a filmes pouco exibidos na cidade”. Dentro dessa proposta, além de selecionar longas-metragens nacionais produzidos nos últimos dois anos, a iniciativa reúne, entre seus 26 títulos, uma gama de filmes inéditos no circuito comercial, como “Enquanto Estamos Aqui”, de Clarissa Campolina e Luiz Pretti, “Os Dias sem Tereza”, de Thiago Sobreiro, “A Rainha Nzinga Chegou”, de Junia Torres e Isabel Casimira, e “Baixo Centro”, de Samuel Marotta e Ewerton Belico. 

Outro destaque fica por conta da presença de mulheres na direção. Ao todo, são 11. “São filmes com temáticas diversas. Já superamos a questão de um suposto olhar feminino. Estamos em outro patamar. O importante é perceber a importância das políticas públicas para o fomento de uma produção democrática”, avalia Hilário. 

Não por acaso, “diversidade” é a palavra que, na opinião do gestor, melhor define o momento da produção nacional. “Nosso cinema não se encerra em um gênero ou estratégia estética”, afirma ele, que celebra a resistência do setor de audiovisual no país. “Vamos arregaçar as mangas e enfrentar as adversidades”, diz.

Serviço.

Mostra “Cinema Brasileiro em Cartaz”, desta quarta (18) a 30/12, no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, centro). Gratuito. 

Migração

Belo Horizonte está entre as sete cidades brasileiras que recebem, desta quarta (18) a domingo (22), o Festival Internacional Cine Migração, com sessões gratuitas no MIS Santa Tereza (rua Estrela do Sul, 89). O evento é uma iniciativa da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e ocorre em cem países.

“O Cine Migração apresenta filmes que abordam os desafios da migração e as contribuições únicas que os migrantes trazem para suas novas comunidades. O objetivo é fomentar uma discussão mais ampla sobre um dos maiores fenômenos do nosso tempo”, destaca o chefe de missão da OIM no Brasil, Stéphane Rostiaux.
A edição de 2019 conta com nove filmes, sendo três longas-metragens e cinco curtas.

A curadoria optou pela diversidade de temas, como as reflexões políticas de um artista gráfico e professor de Botsuana e a improvável amizade entre uma garota estoniana e um menino russo durante um conflito armado.