Liberdade. Essa é a sensação de “aos 70 anos estar fazendo o que gosta”. O compositor, pianista e arranjador Cristóvão Bastos admite não criar muitas expectativas para a apresentação que realiza neste sábado (27), a partir das 19h30, na praça Floriano Peixoto, no bairro de Santa Efigênia.
“Sei que vou tocar, mas a gente nunca sabe o que vai acontecer na hora, e isso é bom também, estar aberto para as possibilidades. Já toquei muito em praças no interior, mas numa capital é a primeira vez. Tenho uma ligação muito forte com Minas Gerais, porque meus pais e avós eram mineiros”, recorda o músico.

Quem comparecer ao show que comemora os 70 anos de Cristóvão, completados em dezembro do ano passado, poderá conferir de perto parcerias de sucesso que ele empreendeu ao longo de toda carreira, com nomes do porte de Chico Buarque (“Todo Sentimento”), Aldir Blanc (“Resposta ao Tempo”), Paulinho da Viola (“Um Choro pro Valdir”) e Abel Silva (“Raio de Luz”), entre outros.

Além disso, ele promete executar músicas menos conhecidas de sua lavra, casos de “Chama do Samba”, com Sergio Natureza e “Vestígios”, com Hermínio Bello de Carvalho. “São pessoas que admiro muito, para mim é uma felicidade. Tenho vontade de um dia compor uma música com o Caetano Veloso, que continua sendo um dos maiores compositores do Brasil”, elogia.

Intérpretes. Além das parcerias, outro motivo de orgulho para Cristóvão são as intérpretes que lançaram suas músicas. “Tive esse privilégio de ser gravado por artistas importantes, e isso ratifica o nosso trabalho. Fiquei muito emocionado quando a cantora e atriz Barbra Streisand gravou ‘Raios de Luz’”, assume. A intérprete norte-americana deu sua versão para a canção em 1999. Outras cantoras de peso que eternizaram os clássicos do pianista foram Nana Caymmi (que fez grande sucesso com “Resposta ao Tempo”), Simone e Maria Bethânia.

Já para compor arranjos, Cristóvão foi requisitado por Edu Lobo, Gal Costa, Fafá de Belém e Elza Soares, além de compor a trilha original para filmes e minisséries. “O arranjo é uma outra maneira de composição. Como se diz na música erudita, são ‘variações sobre o mesmo tema’ que você vai criando. Na experiência com outra arte, como o cinema, como foi no caso da trilha que compus para ‘Zuzu Angel’ (filme protagonizado por Patrícia Pillar), você trabalha muito claramente sentimentos como amor, raiva, ansiedade, e isso traz um crescimento não apenas artístico, mas pessoal, você entende melhor o ser humano”, afirma o maestro.

Projetos. Antes de falar sobre o futuro, Cristóvão prefere relembrar como chegou até aqui. Define como “fundamentais” na sua carreira a fundação da Banda Black Rio na década de 1970 e o encontro com o arranjador Chiquinho de Moraes, que introduziu os instrumentos de corda na primeira gravação da música “Beatriz” (de Chico Buarque e Edu Lobo), feita por Cristóvão e Milton Nascimento. “Chiquinho foi o meu grande mestre, lamento que não esteja mais escrevendo arranjos”, diz. Em 2018, Cristóvão lança um disco gravado com a cantora Áurea Martins.

Agenda
O quê. Show de Cristóvão Bastos
Quando. Hoje, a partir das 19h30
Onde. Praça Floriano Peixoto, bairro de Santa Efigênia
Quanto. Gratuito