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Djonga encerra a Virada com músicas do disco “Ladrão” e promete surpresas

Rapper mineiro é considerado a principal atração do evento e pode quebrar recorde de público

Por Raphael Vidigal
Publicado em 20 de julho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Djonga, 25, não é dado a modéstia, ainda mais se ela for falsa. Com letras que exalam as cruas verdades de quem viveu na pele o que canta, o rapper se tornou o principal nome da música mineira contemporânea, extrapolando, inclusive, o território do rap. Prova disso é a presença de um samba de Jorge Aragão em seu mais recente disco, no caso, “Moleque Atrevido”. E é com a voz de Elis Regina interpretando trecho de “Romaria”, de Renato Teixeira, que Djonga encerra o elogiado álbum “Ladrão”.

“A ideia do ‘Ladrão’ que dá nome ao disco é de resgate, de recuperar o que foi tirado do nosso povo e mostrar que a gente pode chegar longe”, explica. Na faixa-título, ele dispara: “Máquina de fazer rap bom/ Aquelas rima que você queria ter escrito”. “O rap mineiro, para mim, é o melhor do país disparado”, garante. Djonga “fala de cadeira”, como sua avó costuma dizer, para se referir a um assunto que ele conhece como a palma da mão.

Não por acaso, o show do rapper foi escolhido para encerrar a Virada Cultural, e a expectativa para um recorde de público é grande. “As pessoas que vão ao show plantaram essa semente comigo”, enaltece. Embora admita que o espetáculo será baseado no disco “Ladrão”, o músico promete surpresas. “A galera tem que comparecer pra saber o que vai rolar”, provoca. O próprio Djonga já foi plateia na Virada, hábito que ele não tem a menor intenção de abandonar. “Eu curto tudo quanto é evento de rua e de graça. Carnaval, eu saio todos os dias, não estou nem aí”, diz. 

Em 2016, Djonga teve sua experiência mais marcante na Virada. Na ocasião, ele participou de uma performance da música “Carne”, durante o show de Elza Soares, em que “vários homens negros subiram no palco”, recorda. “Aquilo me marcou, pelo momento de transformação que eu passava na minha vida. Foi emocionante, eu chorei mesmo”, confessa. 

Djonga não tem dúvidas de que eventos dessa natureza “têm uma importância que vai além da esfera musical”, e aproveita para fazer um apelo à prefeitura. “Seria legal se rolasse uma organização do transporte público, para quem está mais longe conseguir chegar. É importante incentivar a cultura nesse momento absurdo da política no país”, aponta. 

Esse momento, para ele, é de “foco perdido”. “As pessoas deveriam pensar mais em como resolver os problemas, e menos na narrativa. É importante como a gente vê o mundo e se comunica, mas há coisas urgentes. Tem gente morrendo de fome. Precisamos dar um jeito nisso, ao invés de focar em discursos vazios”, critica.

Outra questão que o incomoda e acende a sua fagulha criativa é a do racismo, debatida em músicas como “Hat-Trick”. “Tem hora que parece que evoluímos, tem hora que parece que está pior, nosso ponto é de continuar na batalha”, declara ele, disposto a “recuperar o que foi tirado” de seu povo.

Serviço. Show de Djonga, neste domingo (21), às 19h, no Palco Estação (av. dos Andradas, 201, centro). Gratuito. 

Outros destaques do Rap na Virada. 

Fabrício FBC. Um dos nomes mais promissores do rap de BH, o músico apresenta o repertório de seu recém-lançado álbum “S.C.A.”, e fala sobre violência e luta, neste domingo (21), a partir das 3h30, no Palco Viaduto (rua Aarão Reis, 542, centro). 

Laura Sette. O show da artista se propõe a ser um veículo de celebração do poder da mulher brasileira, do rap e do funk no cenário mineiro e funciona como catarse, às 12h50 deste domingo (21), no Palco Viaduto. 

Azizi MC. O performer futurista traz ao cenário do hip-hop nacional uma nova proposta, em diálogo com o universo LGBT da periferia, com influências latinas. O show acontece às 11h40 deste domingo (21), no Palco Viaduto. 

Assista ao mais recente videoclipe de Djonga: 

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