As notícias mais recentes associadas à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a outras do país estão ligadas a cortes de verbas e redução de investimentos. Mas, se o futuro segue incerto, o passado é inquestionável. E é simbólico, assim, o momento do lançamento do livro “Campus UFMG”, da historiadora Heloisa Starling, que ocorrerá neste sábado (11) na Livraria Ouvidor. Essa é a 33ª publicação da série “BH: A Cidade de Cada Um”.

O que a obra mostra é que, por trás da efervescente produção de conhecimento, o principal campus, situado na Pampulha, é um lugar feito por pessoas com suas histórias únicas, como o primeiro dia de funcionamento do campus (em uma região inóspita, à época), a curiosa morada de um jacaré “dócil” em frente ao prédio da Reitoria, além das lutas, diárias ou pontuais, de reitores e professores.

Heloisa, professora do Departamento de História da UFMG, optou por não seguir critérios rigorosamente técnicos na obra: escolheu o afeto para falar de um lugar que começou a frequentar quando criança, ao lado de uma tia docente. “Eu queria passar a ideia de que a universidade tem uma história da qual temos que ter orgulho, e queria falar isso de uma maneira que não fosse técnica, senão ninguém ia ler. Então, fiz uma ‘técnica’ que não sei se meus colegas do Departamento de História vão concordar ou não vão mais me deixar entrar, que foi combinar os métodos de investigação do historiador com o afeto. De fato, chequei cada uma das histórias do livro e aquelas das quais eu não tenho certeza eu aviso ao leitor, como sobre os fantasmas”, brinca.

Das passagens checadas há as que envolvem a ditadura militar, sobretudo mostrando as ações do professor Aluísio Pimenta, reitor à época. “Quando eu era vice-reitora (entre 2006 e 2010), estive várias vezes com o professor Aluísio. Ele me falava que era preciso apontar para as novas gerações a história da intervenção durante o golpe (de 1964). Eu mesma só a descobri nesta pesquisa. Fiquei impressionada com o que ele fez e fico pensando que acabei contando a história que ele achava importante e que é ”, reflete.

Em tempos de futuro incerto do campus e da UFMG, Heloisa fala sobre o desfecho que ela vislumbra. “Vai depender da sociedade e do povo de Minas. O que a história mostra é que nós, mineiros, sempre tivemos orgulho da nossa universidade, e isso permitiu à UFMG crescer e devolver para BH e Minas o conhecimento que ela produz. Todas as vezes que a UFMG esteve ameaçada, os mineiros a defenderam. Eu espero isso de novo, porque, sozinha, ela não vai conseguir, não”, conclui.

Agenda

O quê. Lançamento do livro “Campus UFMG”.

Onde. Livraria Ouvidor (rua Fernandes Tourinho, 253, Savassi).

Quando. Sábado (11), das 11h às 14h.

Quanto. Livro à venda por R$ 25.