Foram cerca de nove meses entre idas e vindas. No começo de março, porém, a chegada do elenco e da produção da novela “Espelho da Vida”, da Globo, a Minas Gerais foi diferente. Afinal, eles desembarcaram aqui para rodar as últimas cenas da trama protagonizada por Vitória Strada, João Vicente de Castro, Rafael Cardoso e Alinne Moraes, que termina na próxima segunda-feira (1º), e cede espaço para “Órfãos da Terra”, que estreia no dia 2 de abril.
Escrita pela belo-horizontina Elizabeth Jhin, “Espelho da Vida” tem temática espírita e conta a história da atriz Cris Valência (Vitória), que protagoniza o filme baseado na história real de Julia Castelo, uma antiga moradora da fictícia cidade mineira Rosa Branca que foi vítima de um crime passional. Em sua pesquisa para o longa, Cris viaja ao passado (com a ajuda de um espelho!) e descobre que é a reencarnação da própria Julia. Por conta disso, o folhetim se passa em dois tempos simultaneamente: na atualidade e em 1930.
A trama, além de se passar em Minas, foi gravada aqui - casas, ruas e outras paisagens de Carrancas, Mariana, Ouro Preto e Tiradentes foram usadas para “construir” a fictícia Rosa Branca. A autora afirma que foi “muito emocionante” ver sua história sendo gravada no Estado e, principalmente, ver um pedaço de Minas aparecer diariamente na televisão em todo o país. “Acho que foi uma decisão muito acertada e que me deixa muito feliz. É também uma homenagem ao meu lugar de origem”, garante.
Pedro Vasconcelos, que assina a direção artística do folhetim, ressalta que a experiência de vir uma vez ao mês ao Estado para gravar a novela - maratona que começou em junho do ano passado - foi maravilhosa. “Minas é um dos Estados mais gostosos e acolhedores do Brasil. Foi bom tirar as gravações dos estúdios e levar pra Minas”, conta. “Foi muito enriquecedor porque fazer uma novela numa cidade de verdade dá outro tipo de textura para todos nós. É outro tipo de estímulo e era importante que essas cidades, na minha cabeça, fossem expostas, principalmente Mariana. São cidades belíssimas, os casarios históricos, os arredores, os campos, as cachoeiras”, explica Vasconcelos.
O elenco de “Espelho da Vida” também ressalta que a experiência de gravar as cenas externas em Minas Gerais foi enriquecedora para eles e para a novela. “O resultado é incrível. Quando você vê uma novela feita in loco, o espectador com certeza sente a diferença. As coisas são mais reais, então acho que fica mais rico. A minha experiência foi muito importante porque eu não conhecia o Estado de Minas Gerais de maneira consistente. Conhecia Belo Horizonte, Tiradentes mesmo, mas muito pouco. Então, foi muito interessante conhecer Minas porque eu me apaixonei, tanto pela parte rural, quanto a parte urbana. Eu adorei. É um lugar eu gostaria de ter um pedaço de terra, de ficar velho”, afirma João Vicente de Castro, que na trama interpreta dois personagens - o diretor Alain, nos tempos atuais, e Gustavo Bruno, na década de 1930.
Alinne Moraes, que vive a vilã Isabel e, nos anos 30, a invejosa Dora, conta que não foi fácil ficar muito tempo longe de casa. “Meu filho é pequeno e para fazer bate e volta é cansativo”, diz. Porém, ela concorda com o colega de elenco: “O resultado do trabalho é realmente incrível e vale o esforço. Gravamos em lugares encantadores que foram muito importantes para contar essa história”.
Balanço
“Estou muito feliz com o resultado dessa novela e também com a boa receptividade do público”, afirma a novelista Elizabeth Jhin, ao fazer um balanço de todos os meses de trabalho dedicados ao folhetim. Ela ressalta que o sentimento de dever cumprido está ligado a uma “conjuminância de fatores”.
“A direção brilhante de Pedro Vasconcelos, equipes talentosas, elenco maravilhoso, todos com o mesmo objetivo. Acredito que a história respeitou a inteligência do espectador que seguiu tentando desvendar os mistérios, traçando conjecturas e, acima de tudo, se emocionando”, lista a autora mineira.
O diretor Pedro Vasconcelos também não poupa elogios ao folhetim. “Foi uma novela importante para ser passada nesta época, porque ela carrega uma mensagem muito bonita, muito bacana”, explica. “Acho que nós fomos honestos ao contar nossa história. Acredito que a trama criada por Elizabeth Jhin é uma história revolucionária, inovadora e todos nós demos o nosso melhor. Estamos com a sensação de missão cumprida”, garante ele.
Alinne Moraes, que já havia trabalhado com Elizabeth Jhin em “Além do Tempo” (2015), celebra a nova parceria com a autora e a possibilidade de viver duas personagens em “Espelho da Vida”. “Eu acho que foi uma novela incrível. Eu aprendi a trabalhar as nuances das duas personagens numa mesma história. Por mais que sejam a mesma alma, as duas são diferentes nas sutilezas. Então, gravar a novela foi fantástico. Isabel e Dora juntas englobam tudo, e posso trabalhar com todas as ferramentas que tenho como atriz. Eu aprendi muito e mergulhei nessas duas personagens”, finaliza.