Uma fábula sobre o poder. Este é o resumo do resumo de “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell (1903-1950), lançado em 1945 e que se tornou um clássico da literatura contemporânea. Com ilustrações do gaúcho Odyr, a obra acaba de ganhar uma extraordinária adaptação para os quadrinhos. O livro fala sobre a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a dita revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.
Escrito em plena Segunda Guerra Mundial, o livro, em forma de fábula, satiriza ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
Orwell faz uma alegoria sobre os mecanismos do poder que descambam para a corrosão de ideias e ideais de liberdade que apontam para o fim das utopias. Mais de 70 anos depois de escrita, a obra ressurge, mais emblemática do que nunca. O quadrinista lança luzes sobre sombras, ao ampliar os signos contidos no texto de Orwell. A arte como símbolo de algo maior. “A arte é um ‘inutensílio’, como dizia o poeta Paulo Leminski, mas acredito que ela amplia nossa experiência, nos permite ser outras pessoas, ou animais, nesse caso. A arte é uma espécie de educação não formal. Ela aumenta nossa capacidade de empatia e nossa capacidade de interpretação da realidade”, sugere.
Odyr explica seu processo criativo. “Gostaria de pensar que não são só desenhos. Um aspecto que nem sempre é compreendido é que uma adaptação para quadrinhos é uma experiência narrativa, não são meramente ilustrações”, destaca.
O gaúcho aponta para um futuro incerto que, segundo ele, está muito presente na obra de Orwell. “O Brasil e o mundo passam por um momento terrível, com uma ressurgência de tendências totalitárias e uma regressão em pensamento. Acabamos de eleger um espantalho francamente fascista. O cenário é desolador. Obviamente o livro não pode fazer nada por adultos que se deixaram lobotomizar por essas tendências, mas espero que faça algo pelos jovens leitores, que ponha uma pequena semente de dúvida em suas mentes. O livro de Orwell, ainda que baseado parcialmente na Revolução Russa, serve como aviso perene para os perigos de qualquer forma de totalitarismo”, sugere.
“A Revolução dos Bichos” ilustrado por Odyr sairá em outros países. A Penguin Random House vai publicar o livro na Inglaterra e na Espanha, a Houghton Mifflin Harcourt leva o trabalho para os EUA e a Mondadori na Itália.
Odyr. Nasceu em Pelotas (RS), em 1967. Autor dos livros “Copacabana” (editora Aeroplano, 2015), com roteiro de Lobo, e “Guadalupe” (editora Companhia das Letras, 2012), com roteiro de Angélica Freitas. Publicou quadrinhos e ilustrações nos jornais “Folha de S. Paulo”, “O Globo”, “Le Monde Diplomatique Brasil”, entre outros, e em revistas.
George Orwell. Nasceu em Motihari, na Índia, em 1903. É dele, dentre outros sucessos , “Na Pior em Paris e Londres” (1933) e “1984” (1949). Morreu de tuberculose em 1950.
“A Revolução dos Bichos”
De George Orwell, ilustrado por Odyr. Cia das Letras, 176 páginas, R$ 69,90
Trechos do livro
“Nenhum animal na Inglaterra sabe o que é felicidade. Nenhum animal é livre. A vida do animal é feita de miséria e escravidão: essa é a verdade nua e crua.“
“Em poucos instantes os animais caçavam em volta do pátio. Eles foram mordidos e atropelados. Não houve bicho que não se vingasse dos humanos.”
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