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Hamilton de Holanda apresenta novo álbum no 5º Festival de Blues e Jazz

Evento, com entrada gratuita, acontece domingo (9) na Praça JK, das 11h às 19h

Por Raphael Vidigal
Publicado em 07 de junho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Tenso. Alegre. Leve. Chuvoso. Solar. Todas essas características estão presentes em “Harmonize”. A música, que deu nome ao novo disco de Hamilton de Holanda, 43, foi composta durante um mês. Em cada um dos 31 dias, Holanda se arriscava no bandolim, “tentando encontrar a cara para aquele acorde”. “Algumas vezes eu acordava e já tocava sem nem pensar, só para ver o que vinha à cabeça”, conta. 

O resultado foi uma canção instrumental que, nas palavras do autor, “se você prestar atenção na sequência musical, vai perceber as mudanças de humor, olhar e estado de ânimo”, confirma. Esse exercício diário gerou a ideia seminal do novo disco, que retoma um repertório inédito e autoral, depois de três homenagens consecutivas, para Chico Buarque, Milton Nascimento e Jacob do Bandolim.

“Gosto muito de interpretar músicas de outros artistas, aprendi a tocar assim, mas penso que a composição é a maior verdade do artista, onde ele alcança o mais profundo sentimento”, analisa o músico. “Talvez para o público não faça diferença me ouvir tocar uma música minha ou de outros, porém eu sinto que tenho mais propriedade de atingir a emoção que sempre procuramos nas notas quando componho”, completa.

É ancorado nas dez faixas recém-saídas do forno de “Harmonize”, 38° álbum de carreira iniciada no mercado fonográfico em 1997, que Holanda e seu quarteto, formado por Daniel Santiago (violão), Thiago do Espírito Santo (baixo) e Edu Ribeiro (bateria), se apresentam neste domingo (9), na 5ª edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz, com entrada gratuita. 

Para o bandolinista, a “aproximação entre jazz e choro sempre foi natural”. “O choro é o gênero que nasceu no Brasil a partir da mistura entre a Europa e a África, e o jazz tem essa mesma raiz. Ambos têm vocação para o improviso”, observa o entrevistado, que se vale da própria trajetória para corroborar a tese.

“A maioria dos festivais onde toquei pelo mundo eram de jazz, ou seja, o gênero sempre abraçou a música brasileira. Agora é a melhor hora de retribuir isso”, diz. “Considero que, historicamente, o choro e o jazz são gêneros irmãos, o disco ‘Harmonize’ faz essa ponte de maneira bonita e sincera”.

Há, ainda, outro encontro no álbum, explicitado pela faixa “Samba Blues”, com participação do sanfoneiro Mestrinho. “Sou fã do Mestrinho há um tempão, quando toca sanfona, ele ‘larga o pau’, improvisa pra caramba”, exalta o anfitrião. O estilo associado à própria identidade nacional volta a bater ponto em “Alô, Arlindo”, um choro sambado, ou samba chorado, que saúda Arlindo Cruz, vizinho de Holanda no Rio de Janeiro.

“Além do carinho pessoal que tenho pelo Arlindo, entendo a importância que ele teve para a criação do samba do Cacique de Ramos, que formatou uma música que bateu direto no coração do povo, com um conteúdo histórico muito grande”, enaltece. “O samba que eles inventaram, com tantã, banjo e repique de mão, e letras que eram verdadeiras crônicas, a meu ver se equivale, como movimento, à Tropicália e ao Clube da Esquina”, conclui.

Serviço. Festival de Blues e Jazz, com Hamilton de Holanda e outros, neste domingo (9), das 11h às 19h, na praça JK (av. dos Bandeirantes, 240, Sion). Gratuito. 

Ouça faixa do novo álbum de Hamilton de Holanda: 

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