Artes plásticas

Obras da 33ª Bienal de São Paulo chegam a BH

Exposição pode ser vista a partir deste sábado (9) no Palácio das Artes

Por Carlos Andrei Siquara
Publicado em 08 de março de 2019 | 18:42
 
 
 
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Sete cidades brasileiras, além de Medellín, na Colômbia, já estão confirmadas para receber o programa de itinerância da 33ª Bienal de São Paulo, e Belo Horizonte é a primeira delas. Com obras de 15 artistas, a mostra poderá ser vista a partir deste sábado (9) no Palácio das Artes. Como em anos anteriores, a iniciativa vai ocupar todas as galerias do espaço, inclusive o Cine Humberto Mauro, com parte das criações que foram expostas entre setembro e dezembro de 2018, no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera (SP).

Desta vez, o programa será dividido em três núcleos, sendo um apresentado na capital mineira e os outros dois, respectivamente, em Campinas (SP), a partir do dia 19, e em Vitória (ES), a partir do dia 23. Dessa forma, não necessariamente o mesmo conteúdo circulará pelos próximos destinos. Responsável pela curadoria das exposições itinerantes, o crítico italiano Jacopo Crivelli explica que, em vez de propor um formato reduzido da Bienal, procurou estabelecer outros olhares a partir da perspectiva proposta pelo curador geral Gabriel Pérez-Barreiro.

“Eu vejo esse momento de itinerância como algo fruto de leituras transversais, de relações e justaposições entre obras – o que, de certa maneira, já estava dado na Bienal, mas o público menos especializado talvez não tenha percebido”, observa Crivelli. Vale lembrar que Pérez-Barreiro convidou sete artistas (Alejandro Cesarco, Antonio Ballester Moreno, Claudia Fontes, Mamma Andersson, Sofia Borges, Waltercio Caldas e Wura-Natasha Ogunji) para atuarem como curadores.

A partir disso, foram montadas sete mostras coletivas, nas quais os trabalhos desses artistas somaram-se aos de outros, com os quais compartilham afinidades. Pérez-Barreiro também selecionou mais 12 nomes, em torno dos quais foram concebidos projetos individuais.

Para Crivelli, seu papel nessa etapa de itinerância foi adicionar mais uma “camada” de sentido às propostas tanto do curador geral quanto dos artistas-curadores convidados. E um dos aspectos explorados por ele no arranjo a ser apresentado na capital mineira são relações de polaridade que, por sua vez, podem abranger subtemas. “No Palácio das Artes, por exemplo, nós vamos ter obras de Waltercio Caldas, que é um artista muito racional e preciso na maneira como finaliza seus trabalhos. E ele foi colocado na galeria (Alberto da Veiga Guignard) junto com obras de Antonio Ballester Moreno, Andrea Büttner, Alejandro Corujeira e Bruno Dunley, que têm obras muito orgânicas”, pontua Crivelli. “Quem estiver atento a isso vai perceber quase que um choque entre a precisão de Waltercio e as composições mais orgânicas desses outros nomes que mencionei”, completa.

Entre os subtemas apontados pelo curador figura a interface entre natureza e artifício. “Mark Dion, por exemplo, fez um trabalho de campo no Parque Ibirapuera, e aqui nós também estamos em um contexto de parque, então faz sentido trazê-lo para cá (na galeria Arlinda Corrêa Lima). Ele ia catando e depois desenhava tudo que encontrava no ambiente. Algo como fizeram os artistas das expedições do final do século XIX. Mark capturava imagens de plantas, animais e até de objetos do lixo, como latinhas. Aí também temos essa dicotomia entre natureza e artifício”, comenta Crivelli.

Outro artista que se insere nessa abordagem, a seu ver, é Roderick Hietbrink, que terá um vídeo em exibição na galeria Mari’Stella Tristão. “Neste nós vemos uma árvore que é arrastada por um guindaste, e ela passa no meio de um apartamento. Esse choque entre natureza e arquitetura é algo muito presente ali”, diz.
A exposição traz, assim, uma oportunidade única para o público belo-horizontino fruir obras diversas e, principalmente, inéditas, como é o caso do filme “Ensaio”, da mineira Tamar Guimarães, que será projetado uma vez por semana, aos sábados, no Cine Humberto Mauro. 

“Eu sempre achei esse um programa muito bom e correto de fazer. Metade do orçamento da Bienal vem de verba de renúncia fiscal, que é dinheiro público; só por isso faz sentido levar isso para o resto do Brasil”, atesta Crivelli.

Além de Belo Horizonte, Vitória (ES), Campinas (SP) e Medellín (Bogotá), a versão itinerante da Bienal vai aportar também em Porto Alegre (RS), Brasília (DF), São José do Rio Preto (SP) e Juiz de Fora (MG).

 

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